A Verdade é Insuportável, livro de Andrei Venturini Martins, já começa com uma provocação: “E se houvesse um surto de verdade?” O objetivo do autor é refletir sobre a verdade e a mentira e seus papéis extra-morais.
Do selo Filocalia, parte da É Realizações, o título tem apenas 104 páginas, mas suas reflexões permanecem, principalmente quando nos encontramos à beira de uma mentira no dia a dia – nossa ou de quem convive conosco.
“Um certo grau de cegueira quanto ao próprio destino é fundamental para vivermos o cotidiano de nossa vida.”
A preocupação com a mentira não é contemporânea. Santo Agostinho, por exemplo, se debruçou sobre o assunto e escreveu dois tratados a respeito: De Mendacio e, 25 anos depois, Contra Mendacium ad Consentium.
Para o filósofo Andrei Venturini Martins a hipocrisia é inevitável. Entretanto, é importante que ela não tenha domínio sobre nós.
Com linguagem acessível, o filósofo cita em A Verdade é Insuportável obras clássicas e contemporâneas da filosofia, da sociologia, da psicologia, da literatura e do cinema. Menciona autores como José Saramago, Zygmunt Bauman, Albert Camus, Rainer Maria Rilke, Victor Hugo, Norbert Elias, Sigmund Freud, entre outros.
Por exemplo, do romancista português, reflete sobre Ensaio Sobre a Cegueira, obra que considera “caprichosa metáfora” da vida. Andrei Venturini Martins escreve:
“Saramago cria um mundo de cegos para mostrar o que é o mundo verdadeiramente.”
Confira possíveis reflexões de A Verdade é Insuportável:
- A mentira pode ser alicerce do amor?
- A verdade só serve quando é sobre os outros?
- Quando a verdade é vantajosa?
- Há uma fórmula para definir a mentira?
- O que significa o silêncio numa situação de verdade ou mentira?
Eis um trecho interessante de A Verdade é Insuportável!
“Onde reina a verdade não há civilização. Ser civilizado é, em certa medida, fazer um pacto com a mentira que funda as relações sociais e, por consequência, as mantêm. Se, por algum milagre, alguém conseguisse impedir que a mentira fosse o fundamento da vida em sociedade, será que conseguiria fundar a civilização em algum outro critério que pudesse gerar um mínimo de convivência pacífica e ordenada? Por exemplo: todos devem revelar seus vãos pensamentos indiscriminadamente. Se assim o fosse, não tenho dúvida de que a vida em sociedade seria um caos! Sublinho, porém, ao leitor apressado, que não se trata de sustentar uma apologia à mentira, mas indagar o quanto de verdade suportamos para viver em sociedade, como indagou Nietzsche.”
O título deste livro surgiu de uma reflexão de Blaise Pascal, pensador sobre o qual Andrei Venturini Martins doutorou-se. Inclusive, sua tese gerou o extraordinário livro Do Reino Nefasto do Amor-Próprio.
A leitura de A verdade é insuportável é leve, porém incomoda em alguns trechos, porque o autor não faz vista grossa quanto as modas da atualidade, como:
- O vício da autoimagem,
- O excesso de propaganda da felicidade,
- A indiferença real que sentimos pelos outros,
- A maldade indiscriminada – principalmente para conquistar “um lugar ao sol” nas ditas posições de sucesso.
Cada ensaio é uma pílula de lucidez, reflexão importante para lidar de maneira realista com o cotidiano.
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