Profundezas – Mergulhando em Busca de Si, livro autobiográfico do mergulhador e apineísta francês Guillaume Néry, é uma espécie de mergulho interior, com notas sensíveis e profundas sobre a existência – dentro e fora d’água.
A obra, integrante do catálogo da Editora Filocalia, apresenta uma narrativa livre de conceituações, mas nem por isso superficial. Guillaume Néry possui um estilo singelo de escrever e, com detalhes específicos de seu universo, o do mergulho, narra fatos cotidianos que nos induzem a um “mergulho” com ele.
Profundezas é leitura ideal para momentos de inspiração e de necessidade de quietude interior. São treze capítulos breves e, a seu modo, restauradores. A autobiografia de Guillaume Néry foi escrita em colaboração com o jornalista Luc Le Vaillant, e quem assina a tradução é Patrícia Furtado Mendonça, que também presenteia o leitor com o artigo “Nos bastidores da tradução”.
Conheça mais de Guillaume Néry
Guillaume Néry nasceu em Nice, na França. Em 2002, conquistou a marca de mais jovem recordista entre os mergulhadores livres ao alcançar 87 metros de profundidade. Logo depois, a marca foi superada por ele mesmo. Sua melhor marca é 125 metros abaixo da superfície do mar – e esse também é o maior recorde francês. Néry bateu três recordes mundiais.
Confira trechos de Profundezas – Mergulhando em Busca de Si
“Tenho 14 anos. Estou no primeiro ano do ensino médio. Faço aula de tênis com um colega, o Éric. As quadras ficam muito abaixo do lugar onde moramos, na parte alta de Nice. Gastamos 20 minutos de ônibus para voltar para casa.
“E foi ali, sentados nos bancos gastos dos ônibus, enquanto lá embaixo o pôr do sol abraçava a Baía dos Anjos, no meio de trabalhadores que cochilavam e de velhos com suas bolsinhas de compras, no meio de meninas bonitas que nem víamos ainda e de outras pessoas da região que não nos interessavam, que eu e o Éric inventamos uma brincadeira diferente que vai acabar mudando o rumo da minha vida. A brincadeira é: quem consegue ficar mais tempo sem respirar.”
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“Algumas leituras me marcaram para sempre, permitindo que eu ampliasse minha percepção do mundo, dos outros e da espiritualidade. Isso também vale para a relação que tenho com meu esporte, meus parceiros e as forças que nos governam. A Fome do Tigre.
“A Fome do Tigre é um ensaio metafísico escrito por René Barjavel em 1966. Suas palavras têm o efeito de uma bomba, abrem meus olhos. Fico chocado quando leio sua reflexão sobre o homem, sobre a vida e sobre Deus. Barjavel se interroga sobre a condição humana. Aponta a incapacidade do homem de apreender o mundo no qual está inserido. Para existir, toda forma de vida precisa usar a violência, causando a morte dos outros: ele descreve todo esse absurdo e alega que ‘a vida se nutre da vida’.”
[…]
“Fica obcecado com essa questão de Deus, não do Deus fabricado pelos homens, mas de Deus como o grande arquiteto do universo. Será que existe alguma coisa na origem da criação, ou somos apenas fruto do acaso? É uma questão que persegue a ciência, a filosofia e, é claro, a religião, que se apressa para respondê-la favoravelmente.
“Trinh Xuan Thuan. Fico imediatamente seduzido pela abordagem desse astrofísico budista que parece unir ciência e religião. Ele escreveu: ‘Sempre estremeço ao ver essa beleza, essa coerência. Para mim, é impossível que isso não tenha nenhum sentido. Parece que o universo foi perfeitamente regulado para que surja um observador capaz de admirar sua organização e sua harmonia’. Esse é o chamado ‘princípio antrópico’, do qual ele é um ardente defensor. O primeiro livro dele que eu li foi O Caos e a Harmonia. Trata-se de uma apresentação aprofundada da cosmologia moderna, enriquecida por uma reflexão espiritual que, além da poesia, traz um olhar encantado sobre o mundo. Essas diferentes leituras me dão uma serenidade cotidiana, um afastamento necessário diante dos obstáculos da vida, e me ajudam a prosseguir com as reflexões pessoais que têm origem nas profundezas.”
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