Considerado um dos mais relevantes pensadores conservadores do século XX, o filósofo político Michael Oakeshott é objeto de análise de Gertrude Himmelfarb em sua obra A Imaginação Moral.
Com tradução de Hugo Langone, o livro composto de ensaios biográficos integra uma das mais interessantes categorias do catálogo da É Realizações: a Coleção Abertura Cultural.
Atualmente, são mais de 50 títulos voltados para a compreensão do mundo contemporâneo, variando nos temas: política, filosofia, literatura e crítica cultural.
Em A Imaginação Moral, além de Michael Oakeshott, Himmelfarb revisita outros 11 pensadores. Confira a lista completa!
- Edmund Burke
- George Eliot
- Jane Austen
- Charles Dickens
- Benjamin Disraeli
- John Stuart Mill
- Walter Bagehot
- John Buchan
- Edmund, Dillwyn, Wilfred e Ronald Knox
- Winston Churchill
- Lionel Trilling
Leitura indicada para apreciadores de ciência política, filosofia moderna e literatura, os 12 capítulos têm como fio condutor o conceito disseminado pelo crítico americano Lionel Trilling.
Na introdução de A Imaginação Moral, Gertrude Himmelfarb pontua:
“Os historiadores raramente têm a oportunidade de homenagear aqueles sobre quem escrevem. Eles procuram ser objetivos e imparciais; tentam descrever e analisar em lugar de enaltecer ou censurar. Oferece grande prazer, portanto, recordar certos pensadores e escritores notáveis e descobrir que a passagem do tempo os tornou ainda mais memoráveis e admiráveis do que antes se supunha.”
Ao formar esse grupo de pensadores, a historiadora da moral tinha em mente:
“Meu único objetivo foi fazer jus às ideias de homens e mulheres que enriqueceram a minha vida, a vida de gerações anteriores e, espero, a vida das gerações subsequentes.”
Apesar de reverenciado em importantes círculos intelectuais ao redor do mundo, Michael Oakeshott é pouco conhecido no Brasil, mesmo entre pesquisadores de filosofia política.
Com um pensamento marcado por forte ceticismo e ironia, suas obras são verdadeiros convites à reflexão. Confira trechos selecionados do ensaio de Himmelfarb!
Trechos sobre Michael Oakeshott
“Em 1950, no prefácio de A Imaginação Liberal, Lionel Trilling enunciou as palavras que vieram a assombrar a política americana por quase meio século e que, em alguns círculos, aterrorizam os Estados Unidos até hoje. ‘Nos Estados Unidos, neste momento, o liberalismo não é só a tradução intelectual dominante, mas sim a única.’ Isso não queria dizer, acrescentou ele, que não havia uma propensão ao conservadorismo; com efeito, tal propensão talvez fosse mais forte do que nunca. Ela, porém, com raríssimas exceções, não se expressava em ideias, mas ‘só em ações ou em irritantes gestos’ que procuravam assemelhar-se a elas.”
“Trilling estava certo acerca dos Estados Unidos de 1950. Na Inglaterra da mesma época, porém, havia um importante pensador que falava, escrevia e lecionava em nome do conservadorismo e que deu a ele um caráter respeitável e vigoroso. Oakeshott abraçou um tipo de conservadorismo especial; tratava-se daquilo que Trilling chamaria de ‘imaginação’ ou, como o próprio Oakeshott preferia, ‘disposição conservadora’: uma condição mental em vez de um conjunto de ideias, um espírito e uma atitude em vez de uma filosofia ou credo.”
“Se os velhos estão mais inclinados ao conservadorismo do que os jovens, não é porque os velhos temem, como os jovens tendem a achar, aquilo que poderiam perder com a mudança, e sim porque o tempo e a maturidade lhes ensinaram o valor daquilo que eles têm.”
“Ao contrário do conservador estereotípico, o conservador de Oakeshott não é tão avesso à mudança. Ele reconhece tanto a necessidade quanto a inevitabilidade dela. O problema é como acomodá-la. O conservador propõe que isso seja feito a passos lentos, e não grandes, a partir da necessidade e não da ideologia – gradualmente, lentamente, de forma incremental, naturalmente, rompendo o mínimo possível com a vida. Ao contrário do Racionalista, para quem a inovação é algo bom em si, o conservador a trata como uma privação, como a perda de algo familiar, lamentável mesmo quando se faz necessária. Para ele, todas as inovações são inerentemente equívocas, um composto de perdas e ganhos – e isso não apenas em virtude das consequências inesperadas, mas também em razão dos efeitos previsíveis, do fato de que uma mudança em qualquer parte da vida traz consigo uma mudança em toda a sua estrutura. Desse modo, o verdadeiro conservador resiste às mudanças desnecessárias e sofre aquelas que se mostram obrigatórias.”
Confira o ensaio na íntegra!
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Conheça outros títulos de Gertrude Himmelfarb
Com os livros a seguir, você mergulha na obra de uma das mais interessantes pensadoras do século XX!
Ao Sondar o Abismo – Pensamentos Intempestivos sobre Cultura e Sociedade
Eleito como superior ao grande clássico O Declínio da Cultura Ocidental, de Allan Bloom, o livro tece uma reflexão sobre a produção intelectual contemporânea.
Os Caminhos para a Modernidade – Os Iluminismos Britânico, Francês e Americano
O ensaio apresenta as origens, as características, as diferenças e divergências dos iluminismos britânico, francês e americano.
Gertrude Himmelfarb – Modernidade, Iluminismo e as Virtudes Sociais
Excelente livro de entrada para o pensamento da historiadora, o ensaio escrito por José Luiz Bueno mescla vida e obra.
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