Jordan Peterson, psicólogo clínico canadense e professor de psicologia na Universidade de Toronto, tornou-se conhecido por sua opinião a respeito da Lei C-16, no Canadá, que criminaliza o preconceito contra pessoas transgênero e obriga o uso do termo neutro.
Claro, Jordan Peterson foi amplamente criticado por isso.
O fato levou à reflexão o próprio termo, que está em alta na atualidade, mas que nem todos sabem, exatamente, o seu significado: o que é o politicamente correto?
Pensando nisso, elaboramos este artigo a fim de esclarecer o conceito e trazer uma definição, além de apresentar a visão de Jordan Peterson a respeito do termo e por qual razão o pensador se “opõe” ao conceito.
O que significa o termo “politicamente correto”
No artigo “Notas sobre o politicamente correto”, de autoria de Amadeu de Oliveira Weinmann e Fábio Vacaro Culau, a definição de politicamente correto consiste em:
“[…] um conjunto de intervenções políticas — visto que exercem pressão contra práticas ditas de assujeitamento —, cujo alvo preferencial é a linguagem ou, mais precisamente, determinadas manifestações linguísticas, que carregariam em si a marca da discriminação contra grupos minoritários.”
Em síntese, o termo politicamente correto é designado para evitar o uso de certas expressões ou ações que podem ser consideradas excludentes, que levam à marginalização ou insultam grupos entendidos como desfavorecidos, especialmente definidos por gênero, orientação sexual ou cor.
O surgimento do “PC” ocorreu na década de 1960, nos Estados Unidos, em apoio ao movimento pelos direitos civis.
Na década de 1980, acompanhando esse movimento, os códigos também foram disseminados nas universidades norte-americanas, com guia à crítica da subjetividade padrão: branco, heterossexual e burguês.
Em 2004, o governo brasileiro criou uma cartilha denominada “Politicamente Correto & Direitos Humanos”, como forma de chamar a atenção de toda a sociedade para o que o historiador Jaime Pinsky chamou de “os preconceitos nossos de cada dia”.
Nela, há uma espécie de glossário, com termos ou frases que exprimem, de alguma forma, discriminação ou ofensa ao outro.
Contrário ao politicamente correto, surge o “politicamente incorreto”. Mas o que significa exatamente esse inverso?
O politicamente incorreto propaga preconceitos sociais sem nenhum tipo de receio.
Alguns acadêmicos afirmam que o politicamente incorreto foi apropriado por movimentos de extrema-direita e, atualmente, está sendo usado como ferramenta em oposição às agendas da esquerda e das minorias.
Hoje, há muito debate acerca do politicamente correto e de suas consequências, principalmente no que tange ao livre-pensar.
Em outras palavras, até que ponto determinada brincadeira acaba por se tornar um discurso de ódio, por exemplo?
Em que momento a cultura do cancelamento invade a liberdade de expressão e vira censura?
Esses questionamentos são respondidos, em parte, por Jordan Peterson. Conheça quem é essa personalidade e descubra o que ele pensa!
Quem é Jordan Peterson?
O psicólogo clínico, de naturalidade canadense, é professor de psicologia da Universidade de Toronto e ganhou reconhecimento por suas ideologias e opiniões.
Filho de um professor e uma bibliotecária, sempre foi muito inteligente, aprendendo a ler com apenas 3 anos. Aos 13, aventurou-se em leituras complexas, como as obras de Alexander Soljenítsin, Aldous Huxley e George Orwell.
Jordan Peterson é o mais velho de três irmãos. Nasceu em 12 de junho de 1962, em Edmonton e cresceu em Fairview, em Alberta. Lá, começou a estudar ciências políticas e literatura inglesa na Grande Prairie Regional College.
Assim que se formou, iniciou seus estudos sobre as origens psicológicas da Guerra Fria, as obras de Carl Jung, Friedrich Nietzsche, Alexander Soljenítsin e o totalitarismo europeu do século XX.
Peterson recebeu seu diploma, concluiu seu PhD em psicologia clínica em 1991 e realizou seu pós-doutorado no McGill ‘s Douglas Hospital.
Durante sua trajetória, foi professor de psicologia em Harvard de 1993 a 1998, tendo passado antes, de 1985 a 1993, pela Universidade McGill. Desde 1998, leciona na Universidade de Toronto.
Jordan se concentra principalmente nas seguintes áreas de pesquisa:
- Psicofarmacologia
- Psicologia anormal
- Neuroclinica
- Personalidade social, industrial e organizacional
- Psicologia religiosa e ideológica
- Psicologia política e criativa
Jordan Peterson publicou diversas obras que se tornaram best-sellers, como os livros 12 Regras para a Vida: Um antídoto para o caos, título que apresenta conselhos de vida, partindo de princípios éticos, psicológicos, filosóficos, mitológicos e religiosos.
Outro livro de Jordan Peterson é Além da Ordem – Mais 12 regras para a vida, uma espécie de continuação do livro acima.
Por fim, em língua portuguesa há o livro de Jordan Peterson Mapas do Significado, publicado pela É Realizações. Conheça um pouco mais sobre a obra!
Mapas do Significado
Considerado sua obra-prima, Mapas do Significado é um livro de abordagens multidisciplinares que explica como surgem as crenças humanas.
Além disso, o livro explica como essas mesmas crenças influenciam nosso comportamento diário. Confira alguns trechos!
“O que não conseguimos ver nos protege daquilo que não entendemos.”
“A rejeição do desconhecido é equivalente à ‘identificação com o diabo’”
“Caímos no encanto da experiência sempre que atribuímos nossa frustração, agressão, devoção ou luxúria à pessoa ou situação que existe como a ‘causa’ proximal de tal agitação. Ainda não somos ‘objetivos’, mesmo em nossos momentos mais lúcidos (e graças a Deus por isso). De imediato, mergulhamos em um filme ou livro e, de bom grado, suspendemos a descrença. Ficamos impressionados ou aterrorizados, apesar de nós mesmos, na presença de um representante cultural suficientemente poderoso (um ídolo intelectual, uma superestrela do esporte, um ator de cinema, um líder político, o papa, uma beldade famosa, até mesmo nosso superior no trabalho) – ou seja, na presença de alguém que personifique de maneira adequada os valores e ideais quase sempre implícitos que nos protegem da desordem e nos levam adiante. Semelhantes ao indivíduo medieval, nem precisamos da pessoa para gerar tal afeto. O ícone bastará.”
“O grande feito da ciência foi retirar o afeto da percepção, digamos assim, e possibilitar a descrição das experiências apenas nos termos das suas características consensualmente compreensíveis. Contudo, os afetos gerados pelas experiências também são reais.”
Jordan Peterson na internet
Na carreira digital, o canal de Jordan Peterson no YouTube já recebeu quase 100 milhões de visualizações.
Nele, o pensador publica aulas, palestras, hangouts e entrevistas em que expõe suas ideias sobre liberdade de expressão e politicamente correto.
Interessados em desenvolvimento pessoal e comportamento também podem acompanhar sua linha de pensamento e aproveitar os benefícios de seus métodos.
Politicamente correto de acordo com Jordan Peterson
Jordan Peterson tem uma opinião contundente sobre o que é o politicamente correto, o que gerou certa polêmica — principalmente após sua oposição ao projeto de lei canadense, que citamos no início.
Uma das marcas do pensamento de Peterson é que ele identifica a fragilidade dos discursos ideológicos, além de manter-se ponderado, mesmo quando sob oposição.
De acordo com Jordan Peterson, o politicamente correto vai de encontro à liberdade de expressão, uma vez que o conceito nada tem a ver com a defesa de direitos, mas, sim, com recursos retóricos que visam controlar a linguagem e ações das pessoas.
Para Peterson, o politicamente correto está sufocando o debate livre e aberto — o que justamente alimenta nossa democracia —, separando, desnecessariamente, um grupo de outro, promovendo, hoje, de maneira aparentemente irreversível, o conflito social.
No 22º Debate Munk, realizado em 18 de maio de 2018, Jordan Peterson discute as implicações do politicamente correto e da liberdade de expressão. O evento foi tão intenso que virou livro, também publicado pela É Realizações.
Politicamente Correto – Os Debates Munk
Ao lado de Michael Eric Dyson, Stephen Fry e Michelle Goldberg, Jordan Peterson participou do clássico programa Debates Munk sobre o politicamente correto.
Esse livro é resultado do encontro dos pensadores que expõem, cada um sob sua perspectiva — ora de direita ora de esquerda — os prós e contras desse conceito que vem monitorando a forma de se comunicar de todos, em todas as escalas sociais, mas principalmente pública e midiática.
Os outros participantes que estão no livro Politicamente Correto – Os Debates Munk são:
Michael Eric Dyson, ministro ordenado, palestrante e professor; Stephen Fry, premiado ator, apresentador e roteirista; e Michelle Goldberg, colunista do The New York Times, além de correspondente do The American Prospect.
No evento, Peterson exprime sua opinião sobre liberdade de expressão: “A coisa da liberdade de expressão é realmente interessante porque, na esquerda radical, não existe discussão sobre liberdade de expressão. Você não pode ter uma discussão sobre liberdade de expressão daquela posição ideológica porque lá não existe tal coisa. Tudo o que há são aqueles que manobram por poder em seus grupos respectivos, fazendo reivindicações que os beneficiam.”, pontua.
Jordan também levanta uma questão interessante: “se a diversidade, a inclusão e a igualdade não são o triunvirato que caracteriza a esquerda exagerada — e, a propósito, a igualdade definida não como igualdade de oportunidades, o que é um objetivo absolutamente louvável, mas igualdade de resultados, que é como eles definem —, então como, exatamente, nós demarcaremos a esquerda extremista? O que nós fazemos?”
Como está claro, o politicamente correto gera muitos debates e separa opiniões. Um assunto que dispensa maniqueísmos merece ser compreendido a fundo, sempre a partir de pensadores sensatos e consistentes.
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