Em Anatomia da Crítica – Quatro ensaios, o crítico canadense Northrop Frye apresenta suas razões para crer numa visão sinóptica do escopo, da teoria, dos princípios e das técnicas da crítica literária.
Como apreciador de diagramas, seu intuito era criar algo que permitisse visualizar um panorama sinóptico da crítica literária. Ou seja, que possibilitasse ver cada parte do todo que envolve uma obra literária.
Frye dedicou sua trajetória a preencher essa lacuna nos estudos literários, a elaborar uma estrutura formal e organizada, um método, que pudesse guiar a crítica. Por exemplo, os gêneros literários, além da separação entre outras disciplinas.
Em Anatomia da Crítica, por exemplo, Frye elabora duas teorias: a dos modos e a dos mitos literários, utilizando uma metodologia para analisar o enredo de obras ficcionais.
Quem pode ler Anatomia da Crítica?
Indicado para apreciadores de livros de crítica literária, Anatomia da Crítica é uma obra de fôlego que permite um aprofundamento verdadeiro no assunto, e com utilidade prática!
Nas palavras do próprio pensador: “Tudo o que não tiver algum interesse prático para alguém deve ser descartado.”
O consagrado especialista em literatura reflete sobre o papel da crítica:
“Shakespeare era mais popular que Webster, mas não porque ele era um dramaturgo melhor; Keats era menos popular que Montgomery, mas não porque fosse um poeta melhor. Consequentemente, não há maneira de evitar que o crítico seja, por bem, ou por mal, o pioneiro da educação e o formador da tradição cultural. Qualquer que seja a popularidade que Shakespeare ou Keats tenham hoje, ela é, em ambos os casos, o resultado da publicidade da crítica.”
Com tradução de Marcus de Martini, o livro de crítica literária, de um dos mais notórios críticos do mundo, possui 584 páginas e é fundamental para estudiosos de literatura e de história.
A robusta obra do pensador canadense ainda presenteia os leitores com prefácio à edição brasileira assinado por João Cezar de Castro Rocha e prefácio à edição canadense escrita por Robert D. Denham.
João Cezar de Castro Rocha, por exemplo, escreve:
“Na concepção de Frye — e entendê-lo é indispensável para apreciar o enorme esforço que implicou a escrita de Anatomia da Crítica —, a literatura deve ser compreendida como uma estrutura autônoma da imaginação, capaz de articular uma totalidade possível de ser recuperada através do resgate dos modos e padrões recorrentes de expressão da autonomia da imaginação.”
Castro Rocha continua:
“O impacto da obra de Frye pode ser avaliado em duas frentes.
De um lado, nos estudos literários, mesmo se, após os anos de 1980, sua presença nas discussões críticas efetivamente diminuiu, nem por isso deixou de ser significativa. Basta recordar que Anatomia da Crítica foi traduzido para quinze idiomas — isso sem mencionar que existem duas diferentes traduções para o chinês e o servo-croata.”
Confira trechos da obra Anatomia da Crítica, de Northrop Frye!
Trechos de Anatomia da Crítica de Northrop Frye
“No período pré-medieval, a literatura está firmemente ligada ao mito cristão, tardo-clássico, celta ou teutônico. Se o cristianismo não tivesse sido tanto um mito importado como, também, um devorador de mitos rivais, essa fase da literatura ocidental seria isolada com maior facilidade. Na forma em que a possuímos, a maior parte dela já migrou para a categoria do romance. O romance divide-se em duas formas principais: uma forma secular, que se ocupa da cortesia e da errância cavaleirescas, e uma forma religiosa devotadas às lendas de santos. Ambas dependem muito de violações miraculosas da ordem natural para manterem seu interesse como histórias.”
“As histórias trágicas, quando se aplicam a seres divinos, podem ser chamadas de dionisíacas. Essas são histórias de deuses agonizantes, como Hércules com sua túnica envenenada e sua pira, Orfeu despedaçado pelas Bacantes, Balder assassinado em decorrência da traição de Loki, Cristo morrendo na cruz, assinalando com as palavras ‘Por que me abandonastes?’ [Mateus 27,46; Marcos 15,34] a sensação de sua exclusão, como um ser divino da sociedade da Trindade.”
“O tema do cômico é a integração da sociedade, que geralmente toma a forma da incorporação de uma personagem central a ela. A comédia mítica correspondente à morte do deus dionisíaco é apolínea, a história de como um herói é aceito por uma sociedade de deuses. Na literatura clássica, o tema da aceitação faz parte das histórias de Hércules, Mercúrio e outras divindades que tinham de passar por uma provação e, na literatura cristã, é o tema da salvação, ou, em uma forma mais concentrada, da assunção: a comédia que se encontra bem no final da Commedia de Dante. O modo da comédia romântica correspondente ao elegíaco, é mais bem descrito como idílico, e seu principal veículo é a pastoral.”
“Quanto mais familiarizado alguém estiver com uma grande obra literária, mais aumentará sua compreensão dela. Pouco a pouco, tem-se a sensação de avançar-se cada vez mais na compreensão da obra em si, não no número de coisas que se pode atrelar a ela. A conclusão de que uma obra de arte literária contém uma variedade ou sequência dos sentidos parece inescapável. Contudo, isso raramente foi enfrentado diretamente pela crítica desde a Idade Média, quando um esquema preciso dos sentidos literal, alegórico, moral e anagógico foi tomado da teologia e aplicado à literatura.”
Quem foi Northrop Frye?
Nascido Herman Northrop Frye, em 14 de julho de 1912, em Sherbrooke, província de Quebec, Canadá, foi um dos mais importantes críticos literários do mundo.
Criado, porém, em Moncton, província de Nova Brunswick, também no Canadá, chegou a frequentar a Universidade de Toronto, mas formou-se mesmo na Faculdade Victoria, instituição na qual acabou atuando por toda a vida.
Além da literatura, em seu admirável repertório de temas sobre quais discorria com imensa habilidade constava a teologia. Frye estudou teologia no Emmanuel College, em Toronto, chegando a tornar-se ministro ordenado da Igreja Unida do Canadá.
Ao longo de sua carreira acadêmica, Northrop Frye passou ainda pelas Universidades de Oxford e Harvard. Como membro honorário, integrou a Academia Britânica, a Academia Americana de Artes e Ciências, e a Sociedade Filosófica Americana.
Premiado com trinta e nove títulos honorários, Frye recebeu a Medalha Lorne Pierce, da Sociedade Real do Canadá, em 1958; e, em 1972, foi laureado com o distintivo da Ordem do Canadá.
Northrop Frye morreu em Toronto, em 23 de janeiro de 1991.
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