A Mente do Criador é um livro de Dorothy L. Sayers cuja temática central é a estrutura tripartite de toda criação humana: ser uma e ser três ao mesmo tempo.
Por criação humana, a autora se refere a todo tipo de trabalho que usa a “imaginação criadora”, quer seja o trabalhador um escritor, pintor ou músico – embora Sayers se concentre mais na atividade do escritor.
O livro lança luz sobre a doutrina da Santíssima Trindade e também sobre o processo pelo qual uma obra de arte é produzida, principalmente a literatura. A tripartite é reflexo da imagem da trindade na criatura.
“Creio que dentre todos os dogmas cristãos, a doutrina da Trindade seja a mais taxada de obscurantismo e afastamento da experiência comum. Não importa se o teólogo a exalte como o esplendor da luz invisível ou o cético a ridicularize como um horror à grande escuridão, há uma conspiração geral para supor que seu efeito sobre quem a contemple seja o da cegueira, quer por falta, quer por excesso de luz”, escreve Dorothy L. Sayers em A Mente do Criador.
Os argumentos da escritora inglesa passeiam o tempo todo entre essas duas analogias e ela fornece exemplos de diversas “estruturas trinitárias”, como, por exemplo, a trindade da visão: “a forma vista, o ato de ver, e a atenção mental que correlaciona as duas coisas”; e a trindade do pensamento: “trindade inseparável de compreensão, memória e vontade”.
Embora possa parecer à primeira vista, a autora não propõe que o homem seja Deus, no sentido de onipotência. O desenvolvimento dessa analogia é repleto de iluminação, tanto no sentido teológico quanto no sentido literário.
A trindade da criação humana, Dorothy L. Sayers nomeia de:
- “Ideia Criativa”,
- “Energia Criativa”,
- “Poder Criativo”.
Para a romancista, o homem também é criativo e lúdico, antes de ser sapiens. Leitura ideal para religiosos, artistas e interessados em religião e arte, a A Mente do Criador é considerada a principal obra de Dorothy L. Sayers.
Sua teologia é tradicionalmente anglicana. Faz conexão com as ideias de E. C. Bentley e G. K. Chesterton – que também influenciou J. R. R. Tolkien e C. S. Lewis. Foi amiga do próprio Lewis, bem como de T. S. Eliot e Charles Williams. Inclusive, no “Clube Socrático”, fundado e presidido por Lewis, Dorothy foi a única participante mulher.
Decana dos escritores policiais, Dorothy L. Sayers nasceu em Oxford, em 1893, filha única do Reverendo Henry Sayers, diretor da Christ Church Cathedral School.
Em 1923, publicou seu primeiro romance, Whose Body, no qual apresentou Lord Peter Wimsey, o protagonista herói dos 14 volumes, entre romances e contos escritos posteriormente por Sayers.
Dorothy L. Sayers também escreveu peças de teatro, tendo sido tanto e tão completamente fascinada pelo palco, que acabou revolucionando a escrita de peças religiosas. Ela escrevia o tempo todo e fez isso por toda a vida.
Morreu inesperadamente de insuficiência cardíaca, em 1957. Verdadeiramente dedicada a seu trabalho, Sayers é também autora de uma belíssima frase sobre o trabalho criativo, tão minuciosamente abordado em A Mente do Criador: “o único trabalho cristão é um bom trabalho, bem executado”.
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