A Pomba Escura – O sagrado e o secular na literatura moderna é um livro fascinante do renomado professor e autor americano Eugene Webb, que reflete sobre o lugar do sagrado em nosso imaginário.
De contribuição literária e acadêmica quase sem precedentes, Eugene Webb possui vasto conhecimento em literatura, estudos de religião e é um dos mais notáveis especialistas da obra de Samuel Beckett.
Com tradução de Hugo Langone, a publicação possui nove capítulos, que abordam:
- O paradoxo do sagrado
- A tradição do sagrado no Ocidente
- As ambiguidades da secularização: transformações modernas do Reino em Nietzsche, Ibsen, Beckett e Stevens
- O uno e o múltiplo: o desafio ambíguo do ser na poesia de Yeats e Rilke
- Uma escuridão brilhando na claridade: James Joyce e a alma obscura do mundo
- A perigosa viagem rumo à totalidade em Thomas Mann
- O caminho para cima e o caminho para baixo: a redenção do tempo na “Quarta-feira de Cinzas” e nos “Quatro Quartetos” de T. S. Eliot
- H. Auden: a ambiguidade do sagrado
Para o autor americano, a concepção de sagrado se reflete em posturas afetivas, por isso ela não pode ser analisada apenas em tratados filosóficos, teológicos ou psicológicos.
De acordo com Eugene Webb, o conceito de sagrado é expresso, principalmente, a partir das obras de literatura, por meio das quais a imagística pode “mesclar seus elementos intelectuais e emocionais e ainda comunicar ambos, fundindo tudo em uma única experiência cognitiva.”
Ainda segundo o pensador, o sagrado pode ser “superior ou inferior à razão, pode ser verdadeiro ou falso, benéfico ou perigoso”. O intuito de A Pomba Escura é justamente considerar todas essas possibilidades.
Leitura indispensável, em A Pomba Escura – O sagrado e o secular na literatura moderna, o pensador toma como ponto de partida a ideia de que o sagrado “exerce uma força na vida humana que se mostra inevitável.”
Obra necessária para apreciadores dos temas:
- Cultura
- Religião
- Moralidade
- Literatura
- Formação do imaginário
- Prosa e poesia
- Pensamento moderno
Os autores escolhidos por Webb são, em suas próprias palavras, os “verdadeiros exploradores de sua geração, pois é a eles, mais do que a quaisquer outros, que devemos a possível profundidade de nossa vida.”
Confira trechos de A Pomba Escura – O sagrado e o secular na literatura moderna, livro exclusivo do catálogo da É Realizações.
A Pomba Escura: sobre o sagrado
“É um tanto óbvio que, ao longo dos últimos séculos, tem ocorrido uma mudança profunda no pensamento e na sensibilidade religiosa do homem moderno. No que esta consiste, porém, é algo que só aos poucos vem sendo esclarecido, e as discussões formuladas nos termos da teologia tradicional – as referências à ‘morte de Deus’, por exemplo, – muitas vezes só aumentam a confusão.”
“O sagrado só é um conceito intelectual em parte: ele é também uma forma de experiência. Além disso, o que a ele se opõe não é o secular propriamente dito, mas o profano.”
“A noção de sagrado é muito mais antiga que a de teologia, e por ser não uma ideia, mas uma experiência, é também mais fundamental.”
“Outro traço importante do sagrado é o modo pelo qual ele se revela. Em várias tradições, ele se manifesta numa grande diversidade de formas, mas sempre numa figura específica, ou seja, em algum elemento do mundo secular; como diz Eliade, ‘em objetos que são parte integrante de nosso mundo profano’ natural’. Isso constitui um paradoxo; o sagrado, em virtude dessa sua natureza, transcende tudo que é finito, mas continua a se revelar apenas naquilo, e por meio daquilo que tem fim.”
A Pomba Escura: A tradição do sagrado no Ocidente
“A relevante contribuição dos hebreus às tradições religiosas que se consolidariam no Ocidente foi o poderoso sentimento da majestas, do mysterium tremendum et fascinans do sagrado transcendente e da absoluta dependência e deficiência do homem em relação a ele.”
“Afastar-se do polo transcendente e aproximar-se do polo imanente é algo um tanto comum, mas a tentativa de equilibrar um forte sentimento do sagrado transcendente com um forte sentimento do sagrado imanente é rara. Ademais, isso é extremamente difícil. A força de ambos arrasta o coração humano em duas direções, e quando sua união ou conjunção é conceituada, o intelecto lógico encontra apenas confusão.”
“Em suas origens, no seio da tradição judaica, o movimento cristão pode ser encarado, entre outras coisas, como um importante realinhamento dos polos da transcendência e da imanência.”
“Todos esses problemas — o ético, o ontológico e o epistemológico — são versões do problema da relação entre os aspectos imanente e transcendente do sagrado.”
“Outro pensador seminal que transformou a teoria e a sensibilidade do sagrado no mundo moderno foi o teólogo germânico do século XV Nicolau de Cusa.”
Saiba mais sobre Nicolau de Cusa e sobre as relações entre sagrado e profano lendo na íntegra A Pomba Escura – O sagrado e o secular na literatura moderna!
A Pomba Escura: Nietzsche, Ibsen, Beckett e Stevens
“A secularização de uma perspectiva religiosa pode ter basicamente duas consequências diversas: ou ela dessacraliza o que fora sagrado nessa perspectiva ou, pela aplicação da imagística e dos sentimentos tradicionais à nova visão de mundo, eleva o secular ao plano sacro.”
“Talvez a razão para que certas versões da noção de sagrado — ou então as tentativas de cultivá-lo — reapareçam em algumas perspectivas modernas e secularizadas seja o fato de ser muito difícil conservar uma perspectiva radicalmente dessacralizada da vida.”
“A verdade ou a falsidade de determinado juízo sequer é uma questão importante, diz ele [Nietzsche] ‘O relevante é o quanto uma opinião pode promover a vida’. No fundo, o que importa é a Vontade de Potência, à qual estão subordinados os outros juízos de verdade e de valor. O conhecimento não é um bem em si, assim como o conhecimento verdadeiro não é superior ao conhecimento falso. Em vez disso, o valor de determinada opinião, seja ela verdadeira ou falsa, é um instrumento de promoção da Vontade de Potência. A Vontade de Potência é a própria vida.”
Fale a verdade: você precisa desse título em sua biblioteca! Agora conheça um pouco mais do autor!
Quem é Eugene Webb?
Renomado professor e autor americano, Eugene Webb contribuiu de forma significativa para a crítica literária e acadêmica, e até para os estudos de religião.
Especialista na obra de Samuel Beckett, é também comentador de autores, como: Jean-Michel Oughourlian e Eric Voegelin.
Graduado em Filosofia pela Universidade da Califórnia, é mestre em Literatura Inglesa e doutor em Literatura Comparada pela Universidade de Columbia.
Aposentado desde os anos 2000, é também professor emérito de Estudos Internacionais da Universidade de Washington.
Em nosso catálogo, você encontra outros dois livros de Eugene Webb em língua portuguesa. Confira mais detalhes!
As Peças de Samuel Beckett
Eugene Webb tece uma análise minuciosa acerca da obra de Samuel Beckett. Para o autor, as peças do dramaturgo ajudam a compreender e encontrar o nosso lugar no mundo.
Filósofos da Consciência
Em Filósofos da Consciência, o autor faz uma reflexão sobre o que é a consciência e compara autores que já abordaram o assunto, como Michael Polanyi, Bernard Lonergan, Eric Voegelin, Paul Ricoeur, René Girard e Soren Kierkegaard.
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