As Provinciais, livro do filósofo renascentista francês Blaise Pascal, consiste em dezoito cartas escritas anonimamente – ou sob o pseudônimo de Louis de Montalte – entre janeiro de 1656 a maio de 1657. O intuito de Pascal era defender a causa jansenista.
Ou especialmente Antoine Arnauld, teólogo de renome que estava sendo julgado pelos demais teólogos parisienses por se opor aos jesuítas – e por isso corria o risco de perder sua posição na cátedra da Sorbonne. Também padre, filósofo, matemático e lógico, era um homem de bastante influência no círculo social parisiense de sua época.
Conhecido como “Magno Arnaldo” – para que fosse possível distingui-lo de seu pai, que tinha o mesmo nome –, o intelectual foi também um dos primeiros a contestar as ideias de René Descartes. Ao longo de sua vida, se envolveu em muitas polêmicas intelectuais.
As cartas que compõem As Provinciais foram vendidas clandestinamente em Paris. Editado no Brasil pela Filocalia, o livro conta com prefácio do filósofo Luiz Felipe Pondé. Em suas próprias palavras, a publicação é um “documento essencial para entendermos a teologia e a política do século XVIII francês”. As correspondências colocam em debate a moral e a política dos padres jesuítas.
O que você encontrará em As Provinciais
- A lógica implacável de Blaise Pascal,
- A ironia sutil também característica de sua escrita,
- Ambientação do contexto político da época.
A introdução, tradução, notas e cronologia de As Provinciais ficam a cargo de Roberto Leal Ferreira: “Pascal há de dedicar a maior parte de suas cartas provinciais ao combate das extravagâncias dos casuístas jesuítas”.
O que foi o jansenismo?
O jansenismo foi um movimento teológico, fruto do livro Augustinus, escrito pelo teólogo belga Cornelius Jansen (também conhecido como Jansenius). Sua intenção era sintetizar a teoria de Santo Agostinho a respeito da graça – o que, por sua vez, ia contra a heresia pelagiana. O jansenismo é, portanto, uma linha interpretativa das teorias de Santo Agostinho.
Nas palavras de Roberto Leal Ferreira, Augustinus foi um “monumental comentário a Santo Agostinho em três grandes tomos infólios”. Tomo é a divisão editorial de uma obra, e infólio, a folha de impressão dobrada ao meio. Ou seja, o formato do livro.
O grande centro jansenista da época era o convento de Port-Royal. Um dos versículos mais usados pelos jansenistas foi: “Meu sacrifício, Senhor, é um espírito contrito”. O movimento foi muito perseguido pela Coroa francesa do século XVII. Mas mesmo com todos os esforços para destruí-lo, o jansenismo continuou influente até o século XVIII.
São considerados jansenistas:
- Blaise Pascal,
- Jean Baptiste Racine,
- Jean de La Fontaine,
- Georges Bernanos,
- Pascal Bruckner.
Quem foi Pelagius?
Pelagius foi um monge que viveu na virada do século IV para o século V. Ele não acreditava na ideia do pecado original. Para Pelagius, o homem era inocente e sua alma teria sido criada diretamente por Deus. Essas ideias tornaram-se conhecidas por pelagianismo.
Outra vertente de seu pensamento é o semipelagianismo, que consiste na ideia de que a humanidade é manchada pelo pecado, sim, mas que nem por isso nós, humanos, não podemos contribuir com a graça de Deus por nossos próprios esforços.
Quem foi Blaise Pascal, autor de As Provinciais?
Blaise Pascal foi um físico, matemático, filósofo e teólogo renascentista. Nascido em Clemont-Ferrand, em 19 de junho de 1623, perdeu a mãe muito cedo, tendo sido educado pelo pai.
Por ser muito inteligente, desde menino, o pai o levou para estudar em Paris, foi quando Pascal se apaixonou pela matemática. Tamanha prodigalidade o levou a escrever, com apenas 16 anos, Ensaio sobre as Cônicas.
Também inventor, criou a primeira calculadora manual, que hoje faz parte do acervo do Conservatório de Artes e Medidas de Paris. Blaise Pascal também inventou a prensa hidráulica (e o princípio de Pascal) e a seringa, além de ter aperfeiçoado o barômetro de Torricelli.
Os pensamentos de Blaise Pascal atravessaram o Renascimento, permeando o Romantismo e chegando até o pensamento moderno, por exemplo, em Friedrich Nietzsche, além dos modernistas católicos.
Pascal converteu-se depois de quase morrer, em 1654, num acidente de carruagem. Elegeu como guia espiritual o padre jansenista Antoine Singlin. Em 1665, foi morar no convento de Port-Royal.
Blaise Pascal morreu em 19 de agosto de 1662, em Paris. Foi sepultado na igreja de Saint-Étienne-du-Mont.
Para adquirir o seu exemplar de As Provinciais, clique na imagem da capa:
Você pode ler também: Discurso da Reforma do Homem Interior.
E temos outra obra monumental, do filósofo pascaliano Andrei Venturini Martins: Do Reino Nefasto do Amor-próprio:
É Realizações: as obras mais relevantes do pensamento, desde sempre.
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