O que esperar de um livro chamado Como Ler Livros? O que explica que ele tenha se tornado um best-seller?
A resposta é simples: esta obra aumenta o proveito que podemos tirar de todas as demais leituras que fazemos.
Isso é o que tem sido atestado pelo público americano desde o lançamento da primeira edição do título, em 1940. E é o que comprovam os milhares de leitores da edição brasileira.
Este texto lhe dará: um resumo das dicas de Como Ler Livros; um aperitivo de seu conteúdo (reproduzindo um apêndice que lista as obras recomendadas por Mortimer Adler e Charles Van Doren); uma apresentação biográfica dos dois autores; uma visão sobre a importância da obra para as discussões sobre livros e leitura; e algumas opiniões já expressas sobre o título.
De saída, fica o recado: não se assuste com o tamanho do volume! As mais de 400 páginas de Como Ler Livros se explicam pela profundidade e pela abrangência da exposição de Adler e Van Doren. Mesmo assim, o conteúdo está dividido em seções curtíssimas, de (em média) 2 páginas cada uma, que são tão ricas quanto fáceis de ler.
Outro aviso importante é que o livro antigo (às vezes disponível em sebos) A Arte de Ler, de Mortimer Adler, não corresponde à última edição da obra. Também não é igual ao livro A Arte da Leitura, de Adler e Van Doren, que reproduz os episódios de um programa de TV apresentado pelos autores durante os anos 1970 nos Estados Unidos.
A Arte da Leitura e Como Ler Livros (na edição brasileira de 2010) consistem no tratamento definitivo que Mortimer Adler dedicou ao tema dos livros e da leitura – já não mais sozinho, mas sim com o auxílio do comunicador Charles Van Doren.
A edição da É Realizações de Como Ler Livros corresponde à última versão, de 1972, que reformulou completamente as edições de 1940 e 1967. Comparada a A Arte de Ler, apresenta longos trechos inéditos e mudanças na abordagem, para adequar-se aos novos problemas da educação americana – em muito parecidos com os da educação brasileira.
Tudo que Como Ler Livros ensina deveria ser ensinado nas escolas. Mas, como os autores demonstram relatando experiências pessoais, o sistema de ensino americano já não era capaz de transmitir esses preceitos básicos sobre como estudar.
Por suprir essa lacuna, a obra liderou por meses a fio a lista de livros mais vendidos nos Estados Unidos, ultrapassando a marca de meio milhão de exemplares impressos. Também aqui no Brasil, tem sido um sucesso de vendas.
Adler e Van Doren esclarecem que o conhecimento se desdobra em diferentes tipos. Existe a informação, que se extrai de um autor que, no assunto de que trata, está no mesmo nível que o leitor. Há o conhecimento prático, que só se concretiza com a experiência. E há a compreensão, conquistada quando se toma contato pela primeira vez com certa ideia.
Qualquer que seja o seu nível de experiência com a leitura, algum desses tipos de conhecimento será certamente adquirido ao conhecer Como Ler Livros. Um bom conhecimento sobre a própria obra você também pode adquirir continuando a leitura deste post!
Com a leitura deste texto e de Como Ler Livros, você será capaz de extrair conhecimento de todas as leituras que vier a fazer.
Sinopse de Como Ler Livros
Neste clássico, Mortimer Adler e Charles Van Doren ensinam a praticarmos a leitura em diferentes níveis – elementar, inspecional, analítica e sintópica – e ajudam a adequarmos nossa expectativa e nossa forma de leitura ao tipo de livro que pretendemos ler.
Nestes tempos em que há textos para onde quer que nós olhemos – tanto em blogs como em jornais, tanto impressos como em PDF –, Como Ler Livros tornará muito mais proveitoso o contato com as obras que estão aguardando a sua leitura: seja na sua estante real, seja na sua estante virtual.
Como você verá, este é um valioso tratado de filosofia da educação!
Resumo e avaliação da obra
Como Ler Livros está dividido em quatro partes: “As dimensões da leitura”, “O terceiro nível de leitura: a leitura analítica”, “Como ler diversos assuntos” e “Os fins últimos da leitura”.
O auxílio que a obra fornece é mais que simplesmente ensinar a ler com maior rapidez ou maior intensidade. Adler e Van Doren ajudam-nos a identificar os propósitos de cada livro e dedicar à sua leitura a medida adequada de tempo e de esforço.
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Parte 1 – As dimensões da leitura
As dimensões da leitura são várias: pode-se ler de maneira ativa, engajada, assim como para o mero entretenimento; tanto com o fim de entender como para somente recortar informações. Mais exatamente, Como Ler Livros distingue quatro níveis possíveis de leitura:
O nível elementar é o do recém-alfabetizado, que é capaz de, com algum esforço, inteligir o que está sendo dito por um texto. O leitor desse estágio ignora, consciente ou inconscientemente, a articulação mantida entre as diferentes partes da obra, sua estrutura e sua relação com outros escritos do mesmo gênero.
No nível inspecional, ou averiguativo, ainda não se busca um entendimento abrangente do livro; mas já se empregam técnicas que pretendem fazer algo além de inteligir o que está sendo dito. Esta é a leitura que capta uma impressão geral do livro, identificando seus temas principais – algo útil quando se está em uma livraria, por exemplo.
Em situações desse tipo, a dica é fazermos uma pré-leitura e uma leitura superficial.
Primeiro: examinar o título, a contracapa, as orelhas, o sumário, os índices, os prefácios e as notas do editor. Folhear o livro lhe dará uma noção geral de sua estrutura, o que possibilitará o segundo passo:
Ir diretamente aos lugares de que devem constar os trechos mais importantes. Os parágrafos finais de cada capítulo, em especial, informarão muito sobre o que o livro tem a oferecer.
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Parte 2 – O terceiro nível da leitura: a leitura analítica
A exposição do estágio analítico da leitura ocupa uma parte inteira de Como Ler Livros. Este é o nível em que de fato se apreende a estrutura da obra: como o argumento é construído, ou como a história é conduzida.
Nesta etapa o objetivo é realmente compreender o livro, tanto em sua totalidade como nas minúcias de seus capítulos. O propósito é triplo – a um só tempo: estrutural, interpretativo e crítico. É para cumprir este fim que Adler fornece as dicas da segunda parte de Como Ler Livros.
Primeiro, reconhecer a categoria do texto que será lido – se imaginativo ou expositivo, se teórico ou prático, e de qual gênero em particular: se poesia, teatro, prosa, história, ciência ou filosofia.
Em segundo lugar, identificar os diferentes passos do argumento construído (ou da narrativa imaginada) pelo autor. Grifos e anotações serão indispensáveis para se cumprir esta etapa.
Terceiro: é preciso assimilar (e aceitar, ainda que temporariamente) os termos que o autor emprega para desenvolver a sua obra. Sem atribuir às palavras (principalmente às que lhe causarem estranheza!) o exato sentido que o autor espera que você atribua, será impossível compreender o livro.
Mas clarificar os termos não é suficiente. A quarta dica consiste em identificar a importância que cada trecho assume comparado à totalidade da obra. Ou seja: diferenciar as frases-chave, as proposições, os argumentos, as soluções.
Somente cumprindo esses requisitos estaremos capacitados a avaliar criticamente um escrito.
Como Ler Livros fornece uma quinta classe de dicas, para reagirmos a um texto evitando dois extremos: de um lado, a passividade que nos faria vulneráveis a toda teoria ou ideia; de outro lado, a precipitação que nos levaria a “discutir” com um autor sem tê-lo primeiramente escutado.
Um sexto grupo de dicas para a leitura analítica diz respeito à utilização de recursos externos ao livro: como consultar resumos, dicionários, enciclopédias e similares.
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Parte 3: Como ler diversos assuntos
Já que essas dicas se aplicam principalmente às leituras teóricas, a terceira parte de Como Ler Livros aprofunda as especificidades dos livros práticos e dos livros imaginativos. Trata, também, dos desafios peculiares a estas categorias de textos.
Não se trata de um “ajuste” na tese de Adler e Van Doren, mas de um elemento essencial a ela. Afinal, os autores supõem desde o início, como bons defensores da educação liberal, que os diferentes tipos de literatura estão organicamente integrados, refletindo a natureza harmônica do ser humano e de nosso conhecimento.
São esclarecedoras as observações dos autores sobre as diferenças entre autobiografias e biografias (comuns, definitivas ou autorizadas). Igualmente sobre o sentido em que os poemas épicos são a maior realização literária da humanidade. Assim como sobre a proximidade que a história tem tanto à ciência como à literatura.
Também são de enorme auxílio sugestões como a de ler histórias ficcionais de uma vez, ou no período mais curto possível (desejando chegar a seu fim, sem se embaraçar com os detalhes). Sobre os poemas, por outro lado, é sugerido lê-los duas vezes, e ao menos numa delas em voz alta, declamando seus versos.
Quanto às peças de teatro, só é possível absorvê-las plenamente quando se assiste à sua encenação. As leituras de ciências sociais, convém organizar de acordo com temas, ao invés de autores ou obras, pois essas são disciplinas muito dinâmicas, que a todo momento se atualizam.
As dicas de Como Ler Livros o capacitarão inclusive, e especialmente, a ler as obras que estão acima do seu nível atual de conhecimento.
Diante de um escrito de ciência, o importante é entender seu método. Ao lidar com um texto de matemática, a meta é tornar-se competente na linguagem empregada pela disciplina. Quando o livro é de filosofia, o primeiro passo é identificar seu tipo: se diálogo, tratado, sistema, balanço de teses e objeções ou coletânea de aforismos.
De todo modo, é enganosa a impressão de que os livros expositivos são mais difíceis do que os de literatura imaginativa. Na verdade, estes últimos implicam o desafio de “suspender as crenças”, de abrir-se às sensações que cada obra estimula. Ao fazer isto, verificamos que analisar pensamentos é muito menos complexo que analisar sensações.
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Parte 4 – Os fins últimos da leitura
Como Ler Livros é, na prática, um programa integral de estudos, um tratado de filosofia da educação.
Por isso, sua parte final expõe aquele nível de leitura em que de fato o indivíduo se torna participante da “grande conversação” civilizacional. E acrescenta a esta exposição alguns pensamentos sobre o cultivo saudável de uma vida de estudos.
O quarto e último estágio de leitura, o sintópico (ou comparado), se apoia sobre auxílios intrínsecos e extrínsecos. Os do primeiro grupo são os mesmos da leitura inspecional (ou averiguativa). Os do segundo grupo são peculiares à leitura sintópica, mas como que aprofundam o que já é feito no estágio analítico.
A finalidade maior do nível sintópico é, além de entender a mensagem própria do livro, saber situá-lo no quadro do pensamento universal.
De quais outros conceitos, autores, tradições e períodos cada obra se aproxima? Em que ela concorda, e do que discorda, com os demais textos?
Como auxílios externos para lidar com essas perguntas, é oportuno comparar cada livro com títulos relacionados, obras de referência, resenhas, até mesmo experiências – tanto as comuns (disponíveis para todos) como as especiais (vivenciadas por você, em particular).
Como Ler Livros ensina a dedicarmos a cada obra o tempo e o esforço que ela de fato exige e merece. Obviamente não são todos os textos que demandarão uma leitura sintópica – mesmo que a oportunidade de empregá-la seja o ponto alto da vida de estudos, para o qual todos os demais estágios da leitura encaminham.
Por isso mesmo, é importante ser criterioso na escolha do que ler.
Pensando nisso, Adler e Van Doren sugerem imaginarmos o conjunto das obras que ainda leremos como uma pirâmide. Ou seja: esse grupo de escritos necessita ter base larga, que sustente um crescimento contínuo porém seletivo, cada vez mais estreito.
É verdade que Como Ler Livros dá dicas até mesmo para a leitura de textos jornalísticos e publicitários. O que importa é perceber que essas orientações pretendem nos fazer não gastar mais tempo que o necessário com os textos superficiais. Assim estaremos livres para nos dedicar às obras relevantes com o cuidado que, de fato, é exigido por estas.
Na verdade, instruindo-se nos clássicos um indivíduo potencializa o proveito a extrair de todas as demais leituras que fizer.
Os clássicos são, para Adler, os livros que pela primeira vez comunicaram à humanidade as “grandes ideias” com as quais nós lidamos. É sempre segundo os termos destas – portanto, segundo o ensino dos clássicos – que lemos os livros e a própria realidade.
Muito pertinentemente, Como Ler Livros traz como apêndices uma lista de clássicos (reproduzida na seção seguinte do post) e uma sequência de testes para você exercitar cada um dos níveis de leitura, aplicados aos diversos gêneros literários.
Se quiser saber ainda mais sobre a obra, assista aqui à palestra de lançamento, ministrada por José Monir Nasser, prefaciador da edição brasileira:
Livros recomendados no apêndice
O apêndice A de Como Ler Livros traz uma lista de leituras recomendadas, que servirá ao leitor como um roteiro de introdução aos clássicos da literatura ocidental.
São mais de 130 dicas (organizadas por autores, em ordem cronológica), que este post reproduz para você ter um aperitivo do universo de referências de Adler e Van Doren. Também, é claro, para conhecer o repertório de escritos que você estará apto a ler quando tiver assimilado os princípios expostos em Como Ler Livros:
- Homero
Ilíada
Odisseia - Velho Testamento
- Ésquilo
Tragédias - Sófocles
Tragédias - Heródot
História - Eurípides
Tragédias (especialmente Medeia, Hipólito, Bacantes) - Tucídides
História da Guerra do Peloponeso - Hipócrates
Textos médicos - Aristófanes
Comédias (especialmente As Nuvens, Os Pássaros, As Rãs) - Platão
Diálogos (especialmente República, Banquete, Fédon, Mênon, Apologia de Sócrates, Fedro, Protágoras, Górgias, Sofista, Teeteto) - Aristóteles
Obras (especialmente Organon, Física, Metafísica, Da Alma, Ética a Nicômaco, Política, Retórica, Poética) - Epicuro
Carta a Heródoto
Carta a Meneceu - Euclides
Elementos (de Geometria) - Arquimedes
Obras (especialmente Do Equilíbrio dos Planos, Dos Flutuantes, O Arenário) - Apolônio de Perga
Sobre as Seções Cônicas - Cícero
Obras (especialmente Orações, Da Amizade, Sobre a Velhice) - Lucrécio
Sobre a Natureza das Coisas - Virgílio
Obras| - Horácio
Obras (especialmente as Odes e as Epodos, e A Arte da Poesia) - Lívio
História de Roma - Ovídio
Obras (especialmente as Metamorfoses) - Plutarco
Vida dos Nobres Gregos e Romanos
Moralia - Tácito
Histórias
Anais
Agrícola
Germânia - Nicômaco de Gerasa
Introdução à Aritmética - Epicteto
Discursos
Enchyridion (Manual) - Ptolomeu
Almagesto - Luciano
Obras (especialmente Sobre o Modo de Escrever História, Uma História Verídica, Leilão de Vidas) - Marco Aurélio
Meditações - Galeno
Sobre as Faculdades Naturais - Novo Testamento
- Plotino
Enéadas - Santo Agostinho
Obras (especialmente Sobre o Ensino, Confissões, A Cidade de Deus, A Doutrina Cristã) - A Canção de Rolando
- A Canção do Nibelungo
- A Saga de Njal
- Santo Tomás de Aquino
Suma Teológica - Dante Alighieri
Obras (especialmente Vida Nova, Sobre a Monarquia e A Divina Comédia) - Geoffrey Chaucer
Obras (especialmente Troilo e Créssida e Os Contos de Canterbury) - Leonardo da Vinci
Cadernos - Nicolau Maquiavel
O Príncipe
Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio - Erasmo de Rotterdam
O Elogio da Loucura - Nicolau Copérnico
Sobre as Revoluções das Esferas Celestiais - Thomas More
Utopia - Martinho Lutero
Três Tratados
Conversas à Mesa - François Rabelais
Gargântua e Pantagruel - João Calvino
Institutos da Religião Cristã - Michel de Montaigne
Ensaios
- William Gilbert
Sobre o Ímã e os Corpos Magnéticos - Miguel de Cervantes
Dom Quixote - Edmund Spenser
Protalâmio
A Rainha das Fadas - Francis Bacon
Ensaios
A Evolução do Aprendizado
Novo Organum
Nova Atlântida - William Shakespeare
Obras - Galileu Galilei
O Mensageiro das Estrelas
Duas Ciências Novas - Johannes Kepler
Epítome da Astronomia de Copérnico
Sobre a Harmonia do Mundo - William Harvey
Sobre o Movimento do Coração e do Sangue nos Animais
Sobre a Circulação do Sangue
Sobre a Geração dos Animais - Thomas Hobbes
Leviatã - René Descartes
Regras para a Direção da Mente
Discurso sobre o Método
Geometria
Meditações sobre a Filosofia Primeira - John Milton
Obras (especialmente Poemas Curtos, Areopagitica, Paraíso Perdido e Samson Agonistes [Sansão Guerreiro]) - Molière
Comédias (especialmente O Misantropo, Escola de Mulheres, O Doente Imaginário e Tartufo) - Blaise Pascal
As Provinciais
Pensamentos
Tratados Científicos - Christiaan Huygens
Tratado sobre a Luz - Espinosa
Ética - John Locke
Carta sobre a Tolerância
Sobre o Governo Civil (o segundo dos Dois Tratados sobre o Governo)
Ensaio sobre o Entendimento Humano
Alguns Pensamentos sobre a Educação - Jean Baptiste Racine
Tragédias (especialmente Andrômaca e Fedra) - Isaac Newton
Philosophiae Naturalis Principia Mathematica
Óptica - Gottfried Wilhelm von Leibniz
Discurso de Metafísica
Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano
Monadologia - Daniel Defoe
Robinson Crusoé - Jonathan Swift
História de um Tonel
Diário para Stella
As Viagens de Gulliver
Modesta Proposição - William Congreve
Assim Vai o Mundo - George Berkeley
Tratado sobre os Princípios do Conhecimento Humano - Alexander Pope
Ensaio sobre a Crítica
O Rapto da Madeixa
Ensaio sobre o Homem - Charles de Secondat, barão de Montesquieu
Cartas Persas
O Espírito das Leis - Voltaire
Cartas Filosóficas
Cândido
Dicionário Filosófico - Henry Fielding
Joseph Andrews
Tom Jones - Samuel Johnson
A Vaidade dos Desejos Humanos
Dicionário
A História de Rasselas, Príncipe da Abissínia
Vida dos Poetas Ingleses (especialmente os ensaios sobre Milton e Pope) - David Hume
Tratado sobre a Natureza Humana
Ensaios Morais e Políticos
Uma Investigação sobre o Entendimento Humano - Jean Jacques Rousseau
Discurso sobre a Origem da Desigualdade
Discurso sobre a Economia Política
Emílio
O Contrato Social - Laurence Sterne
Tristram Shandy
Viagem Sentimental através da França e da Itália - Adam Smith
Teoria dos Sentimentos Morais
Riqueza das Nações - Immanuel Kant
Crítica da Razão Pura
Princípios Fundamentais da Metafísica da Moral
Crítica da Razão Prática
Doutrina do Direito
Crítica da Faculdade do Juízo
A Paz Perpétua - Edward Gibbon
Declínio e Queda do Império Romano
Autobiografia - James Boswell
Journal [Diário] (especialmente o London Journal [Diário de Londres])
Vida de Samuel Johnson - Antoine Laurent Lavoisier
Elementos de Química - John Jay, James Madison e Alexander Hamilton
O Federalista (também Artigos da Confederação, Constituição dos Estados Unidos e Declaração de Independência) - Jeremy Bentham
Uma Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação
Teoria das Ficções - Johann Wolfgang von Goethe
Fausto
Poesia e Verdade - Jean-Baptiste Joseph Fourier
Teoria Analítica do Calor - Georg Wilhelm Friedrich Hegel
Fenomenologia do Espírito
Princípios da Filosofia do Direito
Filosofia da História - William Wordsworth
Poemas (especialmente Lyrical Ballads [Baladas Líricas], Lucy Poems [Poemas de Lucy], sonetos; The Prelude [O Prelúdio]) - Samuel Taylor Coleridge
Poemas (especialmente “Kubla Khan” e “A Balada do Velho Marinheiro”)
Biografia Literária - Jane Austen
Orgulho e Preconceito
Emma - Karl von Clausewitz
Da Guerra - Stendhal
O Vermelho e o Negro
A Cartuxa de Parma
Sobre o Amor - George Gordon, Lord Byron
Don Juan - Arthur Schopenhauer
Estudos sobre o Pessimismo - Michael Faraday
A História Química de uma Vela
Pesquisas Experimentais em Eletricidade - Charles Lyell
Princípios de Geologia - Auguste Comte
Curso de Filosofia Positiva - Honoré de Balzac
O Pai Goriot
Eugénie Grandet - Ralph Waldo Emerson
Homens Representativos
Ensaios
Diário - Nathaniel Hawthorne
A Letra Escarlate - Alexis de Tocqueville
A Democracia na América - John Stuart Mill
Sistema de Lógica Dedutiva e Indutiva
Sobre a Liberdade
Considerações sobre o Governo Representativo
Utilitarismo
A Sujeição das Mulheres
Autobiografia - Charles Darwin
A Origem das Espécies
A Descendência do Homem
Autobiografia - Charles Dickens
Obras (especialmente As Aventuras do Sr. Pickwick, David Copperfield e Tempos Difíceis) - Claude Bernard
Uma Introdução ao Estudo da Medicina Experimental - Henry David Thoreau
Desobediência Civil
Walden - Karl Marx
O Capital (também O Manifesto Comunista) - George Eliot
Adam Bede
Middlemarch - Herman Melville
Moby Dick
Billy Budd - Fiódor Dostoiévski
Crime e Castigo
O Idiota
Os Irmãos Karamázov - Gustave Flaubert
Madame Bovary
Três Histórias - Henrik Ibsen
Peças (especialmente Hedda Gabler, Casa de Boneca e O Pato Selvagem) - Leon Tolstói
Guerra e Paz
Anna Karenina
O que É Arte?
Contos (Twenty-Three Tales) - Mark Twain
As Aventuras de Huckleberry Finn
The Mysterious Stranger [O Estrangeiro Misterioso] - William James
Princípios de Psicologia
As Variedades da Experiência Religiosa
Pragmatismo
Ensaios de Empirismo Radical - Henry James
Os Americanos
Os Embaixadores - Friedrich Wilhelm Nietzsche
Assim Falou Zaratustra
Além do Bem e do Mal
Genealogia da Moral
Vontade de Potência - Jules Henri Poincaré
Ciência e Hipótese
Ciência e Método - Sigmund Freud
A Interpretação dos Sonhos
Conferências Introdutórias à Psicanálise
O Mal-Estar da Civilização
Novas Conferências Introdutórias à Psicanálise - George Bernard Shaw
Peças (e seus prefácios; especialmente Homem e Super-Homem, Major Barbara, César e Cleópatra, Pigmalião e Santa Joana) - Max Planck
Origin and Development of the Quantum Theory [Origem e Desenvolvimento da Teoria Quântica]
Where Is Science Going? [Para Onde Vai a Ciência?]
Scientific Autobiography [Autobiografia Científica] - Henri Bergson
Time and Free Will [Tempo e Livre-Arbítrio]
Matéria e Memória
A Evolução Criadora
As Duas Fontes da Moralidade e da Religião - John Dewey
Como Nós Pensamos
Democracia e Educação
Experiência e Natureza
Lógica – a Teoria da Investigação - Alfred North Whitehead
Introdução à Matemática
A Ciência e o Mundo Moderno
Os Fins da Educação e Outros Ensaios
Aventuras das Ideias - George Santayana
A Vida da Razão
Skepticism and Animal Faith [Ceticismo e Fé Animal]
Persons and Places [Pessoas e Lugares] - Lênin
O Estado e a Revolução - Marcel Proust
Em Busca do Tempo Perdido - Bertrand Russell
Os Problemas da Filosofia
Análise da Mente
An Inquiry into Meaning and Truth [Uma Investigação sobre o Sentido e a Verdade]
Human Knowledge; its Scope and Limits [O Conhecimento Humano; seu Alcance e seus Limites] - Thomas Mann
A Montanha Mágica
José e seus Irmãos - Albert Einstein
O Significado da Relatividade
Sobre o Método da Física Teórica
A Evolução da Física (com Leopold Infeld) - James Joyce
“Os Mortos” (de Dublinenses)
Retrato do Artista quando Jovem
Ulisses - Jacques Maritain
Arte e Escolástica
Os Graus do Conhecimento
Os Direitos do Homem e a Lei Natural
Humanismo Integral - Franz Kafka
O Processo
O Castelo - Arnold Toynbee
Um Estudo da História
A Civilização em Julgamento - Jean-Paul Sartre
A Náusea
Entre Quatro Paredes
O Ser e o Nada - Alexander Soljenítsin
O Primeiro Círculo
Pavilhão dos Cancerosos
Biografia dos autores: Mortimer Adler e Charles Van Doren
Nascido em Nova York, no ano 1902, Mortimer Adler frequentou a escola até os quatorze anos de idade, quando a abandonou para trabalhar no jornal New York Sun.
Com a intenção de aprimorar a escrita e se tornar jornalista, frequentou a Columbia University. Não concluiu a graduação, mas recebeu da universidade o título de doutor honorário.
Passou a ensinar psicologia, escreveu obras filosóficas e publicou vários livros, de linguagem acessível, sobre a filosofia e a religião ocidentais. Na década de 1930, tornou-se professor da Universidade de Chicago, ajudando a fundar, entre outras associações, o Center for the Study of the Great Ideas e o Aspen Institute.
Entre suas principais influências estavam Aristóteles, Santo Tomás de Aquino, John Locke e John Stuart Mill. Nascido em família judia, converteu-se quando adulto ao cristianismo.
Mortimer Adler faleceu em 2001, aos 98 anos.
Seu colaborador na última edição de Como Ler Livros, Charles Van Doren, foi uma personalidade de destaque na televisão americana durante os anos 1950.
Filho e sobrinho de escritores premiados com o Pulitzer, tem se dedicado a estudos em campos bastante variados. É graduado em artes liberais, mestre em astrofísica e doutor em língua inglesa, com passagem pelas universidades de Columbia e de Cambridge.
Foi professor na Universidade de Connecticut. Atualmente com mais de 90 anos de idade, continua escrevendo livros teóricos e também de ficção.
Qual a importância da obra Como Ler Livros?
Além de um fenômeno de vendas, Como Ler Livros é um divisor de águas na história recente dos estudos sobre leitura, livros, literatura e educação.
Se há quem sinta vergonha de ostentar em público uma obra que pretende ensinar a ler, não é difícil imaginar quanto esse assunto foi evitado pelos estudiosos profissionais. Afinal, sempre esperamos deles reflexões sobre temas complexos, que se possam classificar como sendo de “nível avançado”…
Às vezes basta que alguém tenha a coragem de encarar um tabu para que ele deixe de ser um obstáculo: Mortimer Adler desempenhou esse papel com a escrita de Como Ler Livros.
É verdade que à primeira edição da obra se seguiu uma paródia, ironizando seu propósito, chamada How to Read Two Books (Como Ler Dois Livros). Mas se seguiu também um estudo sério, que propôs uma alternativa teórica à tese de Adler, chamado How to Read a Page (Como Ler uma Página).
Escrito pelo famosíssimo crítico I. A. Richards, esse outro livro enfatiza os requisitos para a compreensão das minúcias literárias de um texto – ou seja, sua estrutura interna, a construção de suas frases e assim por diante.
O subtítulo de How to Read a Page revela a diferença essencial entre sua proposta e a de Como Ler Livros: “um curso de leitura eficiente, com uma introdução às 100 grandes palavras”, I. A. Richards sintetizou-o.
Já Mortimer Adler – como informam o apêndice de Como Ler Livros, o subtítulo de Como Pensar sobre as Grandes Ideias e o nome da coleção da Enciclopédia Britânica que ele coordenou – concentra-se, ao invés disso, nos grandes livros.
A diferença aponta para concepções divergentes sobre o conhecimento humano e a natureza da criação literária.
I. A. Richards, ícone do chamado close reading (“leitura cerrada”), supunha que cada texto é sustentado por si mesmo, devendo ser lido independentemente de informações externas a ele.
Uma extensa refutação desse modelo de análise foi oferecida por Northrop Frye no livro Anatomia da Crítica. Ali se enfatiza a unidade orgânica das criações literárias, que, subterraneamente aos seus próprios textos, estabelecem contatos entre si, remetendo a temas, imagens e arquétipos em comum.
Como Ler Livros adota uma visão de literatura similar à de Anatomia da Crítica. Mortimer Adler concebe o livro não para oferecer aos estudantes ferramentas para se especializarem na leitura de textos particulares, pretensamente dominando-os.
A importância de Como Ler Livros está em preparar o leitor para se tornar participante da “grande conversação” travada entre os clássicos da civilização ocidental. Por meio da leitura sintópica, somos capazes de acompanhar o diálogo que os grandes livros mantêm entre si.
Tal como o quarto estágio da leitura abarca o elementar, o inspecional e o analítico (ao mesmo tempo que os supera), a leitura dos grandes livros, sugerida por Adler, abarca (evidentemente!) a leitura de suas páginas.
Os temas de How to Read a Page estão incluídos e aprimorados na última edição de Como Ler Livros, traduzida no Brasil pela É Realizações.
Seguindo as dicas de Mortimer Adler descobrimos a sempre surpreendente interação que existe entre as obras que inspiraram o imaginário de nosso mundo. Contemplamos as ideias que dão forma à nossa cultura, e isto em seu próprio nascedouro.
Era preciso que algum erudito nos auxiliasse a reaprender a leitura, para estarmos em condição de saber o que afinal podemos fazer com ela.
Opiniões sobre a obra
Como Ler Livros tem recebido desde a sua primeira publicação incontáveis elogios, tanto de estudiosos como da imprensa. Os mais frequentemente citados são:
- Do The New Yorker: “O livro mostra concretamente como se pode realizar uma leitura adequada a sério, e quanto ela pode render em instrução e prazer”.
- De Jacques Barzun: “Essas quatrocentas páginas estão recheadas de temas da maior relevância, que ninguém preocupado com o futuro da cultura americana pode permitir-se ignorar”.
- De Anne Fadiman: “As sugestões de Adler e Van Doren […] lhe deixarão nostálgico de um tempo mais vagaroso, mais diligente, menos trivial”.
- De José Monir Nasser: “O livro de Mortimer Adler, além de manual abrangente de técnicas de leitura, é um estudo ontológico sobre a natureza desta, sugerindo a unidade fundamental dos gêneros nos diversos patamares de certeza e nos diversos níveis de leitura, articulando a profundidade da análise com a cobertura da extensão geométrica da variação dos gêneros. Nada mais, nada menos, que os velhos ‘Trivium’ e ‘Quadrivium’ conjugados e aplicados à arte de ler”.
No YouTube é possível encontrar inúmeras resenhas de Como Ler Livros, por exemplo as dos canais Mari Dal Chico, As Travessias (de Bruno Magalhães) e Direito e Liberdade (de Victor Hugo Domingues).
Detalhes do produto
Como Ler Livros – O guia clássico para a leitura inteligente, de Mortimer J. Adler e Charles Van Doren, é atualmente editado no Brasil pela É Realizações. Nesta versão, lançada em 2010, a obra integra a Coleção Educação Clássica.
A tradução é assinada por Edward Horst Wolff e Pedro Sette-Câmara. Há também um prefácio do professor José Monir Nasser.
Gênero: Comunicação e Linguística
Subgênero: Linguística
Formato: 18 x 25 cm
Número de páginas: 432
Acabamento: Brochura
ISBN: 978-85-88062-89-4
Preço: R$ 99,90
Não deixe de conhecer esta obra: assim você poderá ler com maior proveito todos os demais livros que encarar!
Conclusão
Como foi possível conferir no decorrer deste post, sobram razões para que Como Ler Livros tenha se tornado o best-seller que é hoje.
A divisão dos gêneros de livros e dos níveis de leitura, assim como a lista de leituras recomendadas por Mortimer Adler e Charles Van Doren, são auxílio inestimável para todo leitor. A obra, então, faz jus aos muitos elogios que recebe, e comprova a sua relevância para as discussões sobre pedagogia, literatura e leitura.
Como Ler Livros atualiza uma tradição de filosofia da educação que passa por Santo Agostinho, Hugo de São Vítor, Dante Alighieri e A.-D. Sertillanges. E a atualiza em um ponto fundamental: faz a primeira sistematização abrangente do ato da leitura, permanecendo por isso, até hoje, incontornável.
Segundo os autores ensinam, há livros que dão o que sentir, outros que dão em que acreditar, ainda outros que sugerem o que fazer. De diferentes modos, Como Ler Livros realiza tudo isso. Mas, acima de tudo, a obra nos dá em que pensar, e nos auxilia a ser criteriosos ao consumir todos os demais textos.
Ao mesmo tempo que são claras e práticas, as dicas de Adler e Van Doren são fruto de uma consideração atenta das complexidades que há na relação entre linguagem e pensamento. É esse intrincado problema filosófico que Como Ler Livros acaba por enfrentar, com simplicidade mas também profundidade.
Quer você seja um iniciante nos estudos, quer já tenha acumulado experiência com a leitura, poucos dos livros que você ainda tem a ler lhe ensinarão tanto quanto Como Ler Livros, de Adler e Van Doren. Portanto, e pelo bem do seu próprio aprendizado, não o deixe de ler!
Fontes
– José Monir Nasser, “Lendo Mortimer Adler como Mortimer Adler nos ensina a ler” (prefácio). In: Mortimer J. Adler e Charles Van Doren, Como Ler Livros – O guia clássico para a leitura inteligente. Trad. Edward Horst Wolff e Pedro Sette-Câmara. Coleção Educação Clássica. São Paulo, É Realizações Editora, 2010, p. 11-17.
– Palestra de lançamento da obra Como Ler Livros, com José Monir Nasser (É Realizações Espaço Cultural, 2010): https://www.youtube.com/watch?v=SR9IlKLIJTA
bem interessante, gostei!
A versão brasileira do livro é tão boa quanto a original?
Sem dúvida, Henrique!
Ela reproduz todo o conteúdo da edição americana — em excelente tradução de Edward Horst Wolff e Pedro Sette-Câmara –, adapta para o português os títulos dos livros recomendados na seção dedicada a isso e ainda inclui um prefácio do grande educador brasileiro José Monir Nasser.
Você pode consultar mais detalhes, e assistir à palestra de lançamento ministrada pelo professor Monir, neste link: https://www.erealizacoes.com.br/produto/como-ler-livros—o-guia-classico-para-a-leitura-inteligente
Boa a dica obrigado encontrei estou indiciando gostaria de
saber se existe alguns pacote prontos
Parabéns e o artigo esta perfeito e bem explicativo sobre o
assunto. Infelizmente tem poucos sites abordando sobre
esse assunto. Compartilhei no meu twitter e facebook.