Por aqui, livros interessantes não faltam. E se você está procurando um título substancial e instigante, queremos apresentar um dos mais recentes lançamentos: Ortodoxia Subversiva.
Leitura ideal para quem aprecia ficção e espiritualidade, nessa publicação, inédita no Brasil, o pensador americano Robert Inchausti reflete sobre a contribuição de 20 expoentes da literatura e da filosofia na formação do pensamento contemporâneo.
Com tradução de André de Leones, a edição integra a Coleção Abertura Cultural. Confira os autores investigados por Inchausti:
- William Blake
- Johann Wolfgang von Goethe
- Søren Kierkegaard
- K. Chesterton
- Nikolai Berdiaev
- Fiódor Dostoiévski
- Boris Pasternak
- Jack Kerouac
- Walker Percy
- Dorothy Day
- Thomas Merton
- Martin Luther King Jr.
- F. Schumacher
- Wendell Berry
- Marshall McLuhan
- Northrop Frye
- Jacques Ellul
- Ivan Illich
Apesar de serem muito diferentes entre eles, esses pensadores têm em comum algumas peculiaridades, por exemplo:
- Suas ideias questionaram os desígnios de seus contemporâneos.
- Eles inovaram em suas respectivas áreas de atuação.
- Perceberam as mudanças de seu tempo, mas não deixaram de tecer críticas categóricas às narrativas dominantes.
A esses “macro-historiadores” e “ativistas sociais” o autor dá o título de “vanguardistas ortodoxos”. O livro é tão interessante que estamos, desde o lançamento, apresentando cada um dos 20 autores mencionados por Inchausti. Já falamos a respeito de William Blake, Johann Wolfgang von Goethe, Søren Kierkegaard, G. K. Chesterton, Nicolai Berdiaev, Fiódor Dostoiévski, Boris Pasternak e Jack Kerouac.
Hoje, apresentaremos um trecho a respeito do escritor russo Aleksandr Soljenítsin. Confira agora mesmo!
Ortodoxia Subversiva sobre Aleksandr Soljenítsin
“Nos campos, Soljenítsin descobriu o absoluto sobre o qual repousava essa presença moral: a santidade da consciência individual. Mas, à diferença dos tempos pré-modernos, a integridade pessoal não era mais um direito nato e não se podia presumir que toda alma mortal a possuísse. No mundo pós-moderno de Soljenítsin, a integridade era algo que precisava ser recuperado, conquistado e recriado. A experiência nos campos trouxe essa chocante verdade para ele. Assim como Heidegger argumentou que o verdadeiro problema da modernidade não é que nós nos esquecemos da questão do Ser, mas que nos esquecemos de que nos esquecemos da questão do Ser, Soljenítsin chegou à conclusão igualmente surpreendente de que os modernos não perderam apenas seu centro moral. Em outras palavras, a moralidade foi estabelecida por meio do triunfo da dialética como uma forma de consciência superior, quando, na verdade, ela representa a morte da consciência intelectual.”
Confira a análise completa!
Quem foi Aleksandr Soljenítsin?
Aleksandr Soljenítsin foi um escritor, dramaturgo e historiador, nascido em 11 de dezembro de 1918 em Kislovodsk, pequena cidade ao sul da atual Rússia. Como muitos de sua época, integra a galeria de presos políticos do regime soviético, uma vez que suas obras também delataram as atrocidades dos campos de concentração, onde permaneceu por oito anos.
Autor de Arquipélago Gulag, considerado uma obra-prima e pelo qual recebeu o Nobel de Literatura de 1970, foi obrigado a recusar o prêmio devido à censura e à perseguição política. Soljenítsin foi expulso da União Soviética em 1974.
Filho de um oficial do exército czarista, morto pouco antes de nascer, Soljenítsin viveu apenas com a mãe, que permaneceu viúva até a Primeira Guerra Mundial. Quando ela se mudou para Moscou para estudar, conheceu o segundo marido, que também morreu durante a segunda gravidez.
Aleksandr Soljenítsin relata a história de sua família em obras como Agosto de 1914 e A Roda Vermelha. Seu talento para a literatura, aliás, foi reconhecido desde cedo, e sua mãe sempre o incentivou a escrever. Em paralelo, cursou Matemática na Universidade de Rostov, além de Filosofia no Instituto de Filosofia, Literatura e História de Moscou.
Na Segunda Guerra Mundial, Soljenítsin atuou como comandante no Exército Vermelho, o que lhe rendeu duas condecorações. Além de Arquipélago Gulag, escreveu outras obras que abordam o horror dos campos: Um Dia na Vida de Ivan Denisovich, de 1962, e O Primeiro Círculo, livro publicado fora da Rússia em 1968.
A descoberta tardia de um câncer quase matou o escritor, mas recebeu o tratamento adequado a tempo. Contou essa experiência em O Pavilhão dos Cancerosos. Foi nesse mesmo período que abandonou o marxismo e desenvolveu suas posições filosóficas e cristãs.
Ao retornar à Rússia, após vinte anos de exílio, Soljenítsin passou a dar aulas em escolas secundárias durante o dia, e à noite dedicava-se à escrita. Em sua autobiografia, conta que não acreditava que seus textos pudessem um dia ser publicados. Publicou nos Estados Unidos uma obra polêmica sobre a proeminência de judeus russos no Partido Comunista e na polícia secreta soviética. Por conta disso, foi acusado de antissemita.
Aleksander Soljenítsin morreu em 3 de agosto de 2008, de insuficiência cardíaca aguda.
Por que ler os clássicos?
A leitura dos clássicos da literatura permite conhecer outras culturas e compreender um pouco dos aspectos de um determinado período histórico, como vimos no caso das obras de Soljenítsin. Ler possibilita ricas trocas nos mais diversos espaços sociais e aprendizados em várias áreas do saber – e tudo praticamente ao mesmo tempo! Apesar de a leitura de um clássico nem sempre ser fácil, ela é capaz de nutrir o interesse pelo conhecimento e aperfeiçoar o autoconhecimento.
E uma maneira bastante eficiente de entrar em contato com os clássicos é por meio de críticos e comentadores, como Robert Inchausti. Esses especialistas oferecem perspectivas organizadas e experientes, o que abre caminhos para conhecer mais e melhor determinada obra ou autor.
Você sente dificuldade em leituras mais densas ou em romances de fôlego? Se sim, essa é mais uma razão para você ler Ortodoxia Subversiva.
Saiba mais sobre o livro
Os expoentes estudados por Inchausti estão divididos em cinco capítulos:
- A alma sitiada,
- O romance como contramitologia,
- Política antipolítica,
- Crítica macro-histórica,
- O papel dos mistérios cristãos na vida da mente moderna.
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