Hibiscos Vermelhos e Tilápias Vivas é o mais recente livro do poeta Cláudio Neves. O título também integra os lançamentos da Filocalia, editora parte do Grupo É Realizações.
Nessa publicação, o poeta carioca retoma a tradição românica da poesia narrativa – assim como fez no título anterior, Ouvido no Café da Livraria, também parte do catálogo da É.
O romance em versos conta com um narrador anônimo que vive sozinho em um pequeno apartamento – ou melhor: vive com as lembranças de sua ex-esposa, Sílvia; de Lia; e de seu primo Artur, que marcou sua infância.
Uma leitura indispensável para quem aprecia literatura brasileira e poesia, Hibiscos Vermelhos e Tilápias Vivas é também uma delicada sugestão para presentear.
O poeta Cláudio Neves, ficcionista, ensaísta e crítico literário, já ganhou diversos prêmios literários e seus poemas já receberam críticas favoráveis de nomes como: Antonio Carlos Secchin, Marco Lucchesi, Paulo Henriques Britto, André Seffrin e Antonio Carlos Villaça.
Por exemplo, seu livro Isto a Que Falta um Nome foi finalista do Prêmio Portugal Telecom, e vários de seus textos foram publicados em revistas e antologias renomadas no Brasil e na Europa.
Caso nunca tenha lido algo similar, Hibiscos Vermelhos e Tilápias Vivas se aproxima – no sentido de gênero literário – a obras monumentais como Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, e A Imitação do Amanhecer, de Bruno Tolentino.
A edição conta com posfácio de Wagner Schadeck: “poeta consolidado e de voz própria, senhora de sua técnica poética, Neves destaca-se pelo comedimento retórico, em sua poesia, notamos a adjetivação precisa, a sintaxe enxuta e o tom intimista, sem deixar de suar o registro coloquial: ‘Dizer que amei Artur é nada e não’”.
Confira um trecho de Hibiscos Vermelhos e Tilápias Vivas!
Meu primo Artur crucificava insetos:
borboletas mariposas sobretudo
marimbondos, eu gostava: um deles tinha
picado a mão de minha mãe, ficara imensa.
Artur aos treze já fazia aquilo
que os homens fazem: batem cortam crucificam
na crueldade natural dos inocentes,
Segure as asas, casa asa um alfinete,
corte o ferrão, da mariposa as patas:
dê-me o grampeador, as mariposas
ensaiavam voar mesmo que sem cabeça.
Artur fazia o que fazia, aquilo
que tinha de ser feito, e eu, seu lugar
-tenente, cúmplice, enfermeiro, tão
a ele destinado como as nossas vítimas.
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