José Guilherme Merquior foi um diplomata, filósofo e sociólogo, membro da Academia Brasileira de Letras e bacharel em Direito e, o mais importante, um dos mais argutos pensadores do Brasil.
Autor de inquestionável relevância, seus escritos são de uma inteligência e acidez ímpares, características que o tornaram — justamente — um dos escritores mais originais nascidos no país.
Como intelectual, José Guilherme Merquior definia-se como pensador liberal social e contribuía ativamente com a propagação do liberalismo. Para ele, quanto menos intervenção do Estado, mais liberdade para o indivíduo.
Já como grande crítico, fez articulações interessantíssimas entre temas políticos e culturais, e foi um férreo crítico do marxismo: “É possível atacar o marxismo, a psicanálise e a arte sem ser reacionário em política, ciências humanas e estética?”, lançou a reflexão.
Conheça mais do pensador carioca!
Quem foi José Guilherme Merquior?
José Guilherme Merquior nasceu no Rio de Janeiro, em 22 de abril de 1941, na Barra da Tijuca. Filho de Danilo Merquior, foi com o pai que aprendeu a apreciar poesia.
Além da inteligência inata, um dos fatos que contribuiu bastante para sua brilhante trajetória como pensador, foi ter estudado nos melhores colégios cariocas, como o Instituto La-Fayette, fundado em 1916.
Merquior graduou-se em Filosofia, tornou-se bacharel em Direito, doutorou-se em Letras, pela Universidade de Paris, e fez o pós-doutorado em Sociologia pela London School of Economics and Political Science.
No começo dos anos 1960, começou a dar aulas de Estética em seu próprio apartamento, localizado em Santa Teresa, Rio de Janeiro. Os alunos eram atraídos por anúncios de jornal.
Nesse mesmo período, voltou a escrever para o Jornal do Brasil, especificamente para o Suplemento Dominical. No veículo carioca — contando desde o primeiro texto, entre 1959 e 1962 — foram mais de 50 ensaios publicados.
Os temas variavam entre estética, literatura e filosofia. Influente na sociedade de sua época, tinha um vasto universo de conhecimento para explorar e dialogava com muitas vozes: poetas, filósofos, antropólogos, linguistas e outros críticos.
Nas universidades Brasil afora, ministrou conferências sobre literatura, filosofia, arte, sociologia, semiologia e história da civilização.
Casou-se com sua primeira namorada, Hilda Vieira de Castro, união que durou 16 anos, até sua morte precoce, aos 49 anos, devido a um câncer no intestino.
José Guilherme Merquior e a diplomacia
Entre sua formação em Direito e o doutorado, Merquior fez um curso preparatório para a carreira diplomática. Antes de começar de vez na diplomacia, chegou a publicar críticas literárias no Jornal do Brasil.
Seu primeiro cargo diplomático foi como secretário do Ministério das Relações Exteriores. Trabalhou também na Divisão da Cooperação Intelectual, além de ter sido oficial de gabinete do Ministro do Estado.
Ao longo dessa trajetória na diplomacia, ocupou o cargo de secretário da embaixada brasileira em Paris, foi primeiro secretário na cidade de Bonn, Alemanha; e primeiro secretário em Londres.
Por fim, foi ministro da segunda classe em Montevidéu, Uruguai.
Livros de José Guilherme Merquior
Em nosso catálogo, você confere livros importantes de José Guilherme Merquior, títulos que permitirão um mergulho profundo em seus pensamentos. Seus escritos mostram a atualidade de suas ideias e críticas. Conheça um a um!
Razão do Poema – Ensaios de crítica e de estética
A coletânea composta de 19 ensaios foi o primeiro livro publicado por Merquior, aos 23 anos. O cerne é a revisão do modernismo brasileiro, e tece uma reflexão sobre as promessas e os obstáculos da arte moderna.
Formalismo & Tradição Moderna – O problema da arte na crise da cultura
Composto por 13 ensaios, o autor discute temas de:
- Estética
- Teoria literária
- Teoria da crítica da arte
- História da literatura
- História das artes
- Semiologia
- Psicanálise da arte
A edição exclusiva da É Realizações presenteia com fac-símiles das correspondências e documentos pessoais de José Guilherme Merquior.
Além disso, conta com ensaios de José Luís Jobim, João Cezar de Castro Rocha e Peron Rios. Confira um trecho:
“Uma das preocupações mais constantes dos estudos de estética nos últimos dez anos vem sendo – ao lado do interesse pela crítica ‘estruturalista’ e pela semiologia, e da atenção à arte pop, ao hiper-realismo e ao neodadá – o fenômeno kitsch. Kitsch é, como se sabe, a etiqueta alemã para os objetos, obras de arte ou espetáculos de mau gosto, franca ou tacitamente ‘comerciais’, mas com pretensões a exibir valores “sublimes”. O vulgar que aspira a parecer refinado, a cafonice (inconsciente) que ‘bota banca’ de beleza.”
Arte e Sociedade em Marcuse, Adorno e Benjamin – Ensaio crítico sobre a Escola Neo-Hegeliana de Frankfurt
Indispensável em sua biblioteca, esse foi o primeiro livro do Brasil a discutir as ideias da Escola de Frankfurt. Uma curiosidade: José Guilherme Merquior tinha apenas 28 anos quando escreveu a obra.
Para quem deseja conhecer e compreender os pensamentos de Herbert Marcuse, Theodor W. Adorno e Walter Benjamin, é um livro de imenso valor crítico, porque não deixa de apresentar os prós e contras das ideias de cada pensador.
O Marxismo Ocidental
Nessa obra, José Guilherme Merquior realiza uma exposição das ideias de Friedrich Hegel, Karl Marx, Georg Lukács, Antonio Gramsci, Walter Benjamin, Theodor W. Adorno, Max Horkheimer, Jean-Paul Sartre, Louis Althusser, Herbert Marcuse e Jürgen Habermas.
Além de toda a análise espetacular, a edição exclusiva da É Realizações inclui uma extensa galeria de fac-símiles com reportagens, cartas e manuscritos relacionados à obra de Merquior.
Merquior: A Estética de Lévi-Strauss
Esse título de 1969, que prova mais uma vez o quanto a obra de José Guilherme Merquior mantém-se atual, é resultado de um seminário de antropologia social, dirigido por Claude Lévi-Strauss.
O ensaio de apenas 168 páginas revitaliza as ideias de Lévi-Strauss no campo da estética, da teoria da arte e da teoria do conhecimento a partir de trechos esparsos.
De Anchieta a Euclides – Breve história da literatura brasileira
Nessa obra, o autor apresenta uma síntese histórico-estilística da literatura brasileira, desde os seus primórdios até Os Sertões. De Anchieta a Euclides é uma leitura ideal para apreciadores de literatura.
Foucault – Ou o niilismo de cátedra
Obra celebrada por intelectuais como Camille Paglia e Kenneth Minogue, Foucault – Ou o niilismo de cátedra tece uma avaliação crítica tanto da pessoa como da obra completa de Michel Foucault.
Merquior: O Argumento Liberal
Considerada uma das defesas mais consistentes do liberalismo feitas por um pensador brasileiro, O Argumento Liberal é acessível e ideal para leitores gerais. O autor discute ideias de Giambattista Vico, Immanuel Kant, Lucio Colletti, Ernest Gellner, Claude Lefort, Jürgen Habermas e John Rawls.
Entre os temas discutidos estão: dialética, romantismo, anarquismo, revolução, direito e sociedade civil. A edição conta com posfácios exclusivos e fac-símiles com documentos de José Guilherme Merquior.
O Liberalismo – Antigo e moderno
A obra O Liberalismo é uma pesquisa estimulante sobre a história e evolução da teoria liberal, desde o século XVII até a atualidade. Além do conteúdo profundo, a edição presenteia com documentos do arquivo pessoal do autor.
Merquior: Verso Universo em Drummond
Verso Universo em Drummond é a tese de doutorado de José Guilherme Merquior, escrita em francês, em 1972. O autor faz uma análise completa da obra do poeta Carlos Drummond de Andrade.
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