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Mistério e Costumes: Flannery O’Connor tece reflexões sobre literatura

Lançamento chega às prateleiras das melhores livrarias acompanhado por outra obra: Diário de Oração.

Mistério e Costumes, livro da escritora americana Flannery O’Connor, é um dos mais recentes lançamentos da É Realizações. E que lançamento!

Composto por duas obras, Mistério e Costumes chega às prateleiras das melhores livrarias acompanhado por outra obra: Diário de Oração.

A publicação conta com a tradução de William Campos da Cruz, e com o belíssimo projeto gráfico de Daniel Justi.

Perfeito para quem deseja conhecer mais do legado de Flannery O’Connor  — considerada uma das maiores escritoras do século XX —, o livro trata, sobretudo, acerca do que pensava sobre seu ofício: a escrita.

Mistério e Costumes é um livro tão instigante que é impossível parar de lê-lo. A originalidade da escritora se sobrepõe às palavras escritas ali, o que dá a sensação de ouvir sua própria voz.

Já o primeiro livro, Diário de Oração, permite conhecer um pouco mais do lado devoto de Flannery.

Ela, uma católica fervorosa, mesmo em seus romances mordazes não deixou de revelar seus valores religiosos.

Saiba mais sobre Diário de Oração no artigo especial: Diário de Oração de Flannery O’Connor: saiba mais sobre o lançamento!

Quem foi Flannery O’Connor?

Nascida em 25 de março de 1925, na cidade de Savannah, Geórgia, Mary Flannery O’Connor foi uma das mais importantes escritoras americanas do século XX.

O’Connor morou no sul dos Estados Unidos praticamente por toda sua vida, o que marcou sua literatura, tendo sido considerada “southern gothic”, ou “gótico sulista”, uma categoria considerada “grotesca”.

Sobre isso, em Mistério e Costumes, a americana escreve:

“A maioria dos leitores hoje já deve estar suficientemente cansada de ouvir falar dos escritores sulistas, da escrita sulista e do que muitos dos resenhistas insistem em chamar de  ‘escola sulista’. Ninguém jamais esclareceu o que é a escola sulista ou quais escritores pertencem a ela. Às vezes, quando é mais respeitável, parece referir-se a um pequeno grupo de agrários que cresceram em Vanderbilt nos anos de 1920; mas, com mais frequência, o termo evoca uma imagem de monstruosidades góticas e a ideia de uma preocupação com tudo o que é deformado e grotesco. A maioria de nós é considerada, creio, uma infeliz combinação de Poe e Erskine Caldwell.”

Reverenciada pela escrita incisiva, seus romances Sangue Sábio e O Céu é dos Violentos — somados aos renomados contos —, deixaram uma soma de personagens marcantes.

Católica fervorosa, Flannery O’Connor permeia suas tramas com seus valores religiosos, embora sem negar o lado mais humano de todos nós, nossas fraquezas.

Flanney O’Connor graduou-se em Ciências Sociais e deu início à carreira de escritora durante o mestrado em Escrita Criativa, na Universidade de Iowa.

A autora no mínimo original nos deixou prematuramente, em 3 de agosto de 1964, aos 39 anos, vítima de complicações causadas pelo lúpus, doença autoimune que afeta o sistema imunológico.

Curiosamente, a morte de seu pai, Edward O’Connor, teve a mesma causa. Grande incentivador de seu talento literário, foi fundamental para sua triunfante carreira, desde os primeiros passos.

Conheça mais sobre os dois romances escritor por Flannery O’Connor!

Romance O Sangue Sábio

Sangue Sábio é um romance de Flannery O’Connor, publicado em 1952.

Ambientado no sul dos Estados Unidos, região onde passou a maior parte de sua vida, o romance conta a história do jovem ex-soldado Hazel Motes, depois de retornar da Segunda Guerra Mundial.

A espinha dorsal da obra é o conflito interno que o personagem enfrenta após vivenciar os horrores da guerra e relacioná-los à religião e à moralidade.

Um dos pontos altos da trama é quando Hazel Motes acaba fundando sua própria igreja, chamada “Igreja sem Cristo”. A atitude desafiadora o leva a uma série de eventos perturbadores.

Um traço marcante da literatura de Flannery O’Connor é que sua fé em nada a impede de criar histórias que poderiam ser consideradas antirreligiosas.

Pelo contrário, seus romances exploram a natureza do mal, mas são marcados pelos valores fundamentais da fé cristã.

Romance O Céu é dos Violentos

O Céu é dos Violentos é o segundo romance de Flannery O’Connor, escrito em 1960.

O livro conta a história de Francis Marion Tarwater, um garoto de catorze anos designado pelo tio para a função de “profeta”, responsabilidade da qual tenta se esquivar.

Ao longo da história, Tarwater se vê em conflitos profundos contra sua fé, paradoxalmente inata, porque tenta sufocar as vozes que o convocam para assumir o papel de profeta.

Os contos de Flanney O’Connor

Flannery O’Connor é, talvez, ainda mais conhecida por seus contos, sendo alguns deles bastante famosos. Por exemplo:

  • A Boa Pessoa de Setagaya
  • Um Bom Homem é Difícil de Encontrar
  • A Vida que Você Salva Pode Ser a Sua
  • Parker’s Back
  • Tudo o Que Sobe Deve Convergir
  • Refugiado de Guerra
  • O Gerânio
  • O Barbeiro
  • Revelação
  • Um Vislumbre do Redentor
  • Os Aleijados Entrarão Primeiro
  • Ninguém Pode Ser Mais Pobre que os Mortos
  • Um Templo do Espírito Santo
  • O Peru
  • A Colheita

Confira trechos de Mistério e Costumes

“A fé, no meu caso, é o motor que faz a percepção funcionar.”

“Na ficção, dois mais dois sempre são mais que quatro.”

“Escrever ficção é muito raramente uma questão de dizer as coisas; é uma questão de mostrar as coisas.”

“O escritor jamais deve ter vergonha de arregalar os olhos.”

“Escrever um romance é uma experiência terrível, durante a qual os cabelos caem e os dentes apodrecem. Sempre fico muitíssimo irritada com pessoas que insinuam que escrever ficção é uma fuga da realidade. É um mergulho na realidade e é muito chocante para o sistema. Se o romancista não é sustentado pela esperança do dinheiro, então deve ser sustentado por uma esperança de salvação, ou simplesmente não sobreviverá à provação.”

“O senso moral do escritor deve coincidir com seu senso dramático.”

“O escritor opera numa encruzilhada peculiar e que tempo, espaço e eternidade de algum modo se encontram. O problema é encontrar esse lugar.”

“Os grandes romances que teremos no futuro não serão aqueles que o público pensa que quer ou aqueles que a crítica exige. Serão o tipo de romance que interessa ao romancista. E os romances que interessam ao romancista são aqueles que ainda não foram escritos. São aqueles que lhe fazem as maiores exigências, que requerem que ele opere no máximo de sua inteligência e de seus talentos, e seja verdadeiro perante as particularidades de sua vocação.”

“Na grande ficção, o senso moral do escritor coincide com o senso dramático dele, e não vejo como fazer isso a menos que o julgamento moral seja parte do próprio ato de ver, e o escritor é livre para usá-lo.”

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Mistério e Costumes
Mistério e Costumes, de Flannery O’Connor.

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