Cinco Grandes Odes, do dramaturgo Paul Claudel, é mais um lançamento da Editora Filocalia. A edição bilíngue – em francês e português – conta com tradução e prefácio de Rodrigo de Lemos.
Escrita entre 1900 e 1908, a obra seminal da lírica de Paul Claudel foi publicada pela primeira vez em 1910 na revista francesa L’Occident. Os cinco poemas longos que compõem a obra são:
- Primeira Ode: As Musas
- Segunda Ode: O Espírito e a Água
- Terceira Ode: Magnificat
- Quarta Ode: A Musa que é a Graça
- Quinta Ode: A Casa Fechada
A ode “As Musas” foi escrita entre 1900 e 1904 e inspirada em um sarcófago romano do século II a.C., exposto no Museu do Louvre. Para Rodrigo de Lemos, trata-se de uma “evocação de poder disruptivo e incitador das entidades responsáveis pela inspiração”. Esta primeira ode, “como que colocando o conjunto dos poemas sob a égide da ação das musas”, remete à epopeia clássica.
Já “O Espírito e a Água” foi composta em 1906, e seu título faz referência tanto ao capítulo inicial do Gênesis quanto à simbólica presente no Evangelho Segundo São João. Sobre essa ode, escreve Lemos: “nessa verdadeira meditação simbólica que se serve dos elementos fundamentais da natureza para expor as relações entre o poeta, o Criador e a Criação, a memória do pecado amaina o elã de transcendência do eu lírico, que deseja libertar-se do tempo, da sua condição limitada e mortal, em favor da pura liberdade do espírito absoluto”.
Por sua vez, a ode “Magnificat” é uma celebração do nascimento de Marie, filha de Claudel. Nas palavras do prefaciador, os versos agradecem a Deus pela “libertação do poeta quanto aos ídolos do século XIX (assimilados aos deuses pagãos), quanto à morte e quanto ao eu. Livre de tudo aquilo que contraria Seus desígnios, em um espírito de submissão perfeita, o poeta faz sua entrada na Canaã da idade adulta”.
“A Musa que é a Graça” rompe essa “serenidade”, como descreve Rodrigo de Lemos. Foi escrita em 1907 em estrofes, antístrofes e um epodo. O tradutor e autor do prefácio diz, ainda: “a Musa assedia o poeta relutante, tenta dobrá-lo ao chamado do entusiasmo, fazê-lo romper com a cidade dos homens em vista de um gozo maior, anárquico e espiritual”.
Por fim, “A Casa Fechada” faz um elogio ao matrimônio e ao mundo doméstico. O título refere-se a esse universo inteiro e familiar.
A bela edição ainda conta com mais dois poemas: “Processionário para Saudar o Novo Século” e “A Cantata a Três Vozes”.
Cinco Grandes Odes é também uma interessante sugestão para presentear.
Quem foi Paul Claudel?
Paul Claudel foi um grande dramaturgo, poeta e diplomata francês, nascido em 6 de agosto de 1868 em Aisne, na comuna de Villeneuve-sur-Fère, França. Importante autor católico, também foi membro da Academia Francesa de Letras e premiado com a grã-cruz da legião de honra.
Sua família materna, composta por fazendeiros, tinha intensa ligação com o catolicismo. Mesmo assim, Paul, em sua infância, não era ligado à religião ou à fé. Na juventude, entrou em contato com as obras de Rimbaud, que mostrou a ele que “há uma geração espiritual assim como há uma geração corporal”. Saiu abalado desse encontro, mas também mais aberto para a fé.
Em 1886, com 18 anos, Claudel foi à Catedral de Notre-Dame, em Paris, para assistir aos ofícios de Natal, quando presenciou o coro da Igreja e logo sentiu o chamado de Deus.
Em paralelo, seguiu carreira diplomática de 1893 a 1936, ocupando a posição de vice-cônsul em Nova Iorque, Boston, Praga, Frankfurt e Hamburgo, além de cônsul na China. Viveu também no Brasil, sendo ministro plenipotenciário no Rio de Janeiro. Em Tóquio, Washington e Bruxelas, atuou como embaixador.
Paul Claudel morreu em 23 de fevereiro de 1955, quarta-feira de Cinzas, com 91 anos, em sua residência em Paris.
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