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Podres de Mimados: confira trechos do livro de Theodore Dalrymple

Leitura ideal para os intervalos entre atividades, mira nos interessados em crítica cultural e social.

Podres de Mimados

“O sentimentalismo é o progenitor, o avô e a parteira da brutalidade.” Assim define Theodore Dalrymple no livro Podres de Mimados, um dos títulos do autor mais procurados de nosso catálogo.

Por sua vez, Theodore Dalrymple é um dos autores mais requisitados da nossa editora, devido ao pensador perspicaz que é, com suas análises argutas e precisas, além do senso de humor ímpar.

Lançado em 2011, em Londres, pela Editora Gibson Square, Podres de Mimados virou um sucesso editorial e chegou ao Brasil em 2015, com tradução de Pedro Sette-Câmara. O livro pertence à Coleção Abertura Cultural.

Leitura ideal para interessados em crítica cultural e social, a publicação possui apenas 208 páginas, excelente para ler nos intervalos de atividades —, e que o torna também um extraordinário livro para dar de presente.

Podres de Mimados, de Theodore Dalrymple.

Podres de Mimados: prefácio de Luiz Felipe Pondé

Quem escreve o prefácio de Podres de Mimados é o filósofo Luiz Felipe Pondé. E salienta que a É Realizações desempenha um “papel inigualável entre as casas editoriais do Brasil”, justamente por oferecer traduções cuidadosas de importantes obras antes inexistentes no país, “e de enorme urgência”.

Pondé explica essa urgência. Diz que ela é “fruto do fato de que muitos críticos sociais, culturais e políticos do mundo contemporâneo que não pertencem à tradição marxista simplesmente não são acolhidos pela maior parte das editoras brasileiras, evidentemente ideológicos.”

Em outras palavras, com os livros de Theodore Dalrymple — desde Podres de Mimados a todos os demais, de outros temas —, o leitor brasileiro tem a possibilidade de ampliar seu repertório de maneira substancial.

Pondé também reforça que Dalrymple possui uma “sofisticada capacidade de análise do comportamento humano”, além da experiência prática, uma vez que trabalhou, por quase toda a vida, em hospitais de regiões pobres da Inglaterra.

Grande parte de seus pacientes eram presos, drogados, entre outros que dependem do Estado de bem-estar social britânico para sobreviver.

Além de livros, Theodore Dalrymple escreve para a grande mídia britânica e tem, inclusive, uma ficção publicada também por nossa editora: Tanto por Fazer, que integra a interessantíssima Coleção Ficções Filosóficas.

Tanto por Fazer, de Theodore Dalrymple.

Confira trechos de Podres de Mimados

Apresentaremos agora um pouco mais do livro Podres de Mimados, cujo subtítulo é “As consequências do sentimentalismo tóxico”. A publicação é composta por artigos cujo cerne é o “culto do sentimento”.

O que seria exatamente isso?

Para Dalrymple, é o sentimentalismo que tem destruído nossa “capacidade de pensar, e até a consciência de que é necessário pensar”.

O intuito do autor é levantar uma reflexão acerca das consequências sociais e políticas de uma sociedade que se pauta predominantemente pelos sentimentos. Na introdução, em que escreve sobre crianças britânicas, relata algo interessante:

“Se há um país no mundo desenvolvido em que a infância seja mais deplorável do que na Grã-Bretanha, desconheço. Ela é deplorável não apenas para aqueles que a vivenciam, mas também para aqueles que precisam viver com crianças da Grã-Bretanha. A Grã-Bretanha é uma nação que tem medo de suas próprias crianças.”

Como observador perspicaz de seu próprio dia a dia, Dalrymple revela também ao leitor:

“Vejo isso no ponto de ônibus da cidadezinha britânica em que passo parte do ano. Segundo os padrões atuais, as crianças nessa cidade não são más sob nenhum aspecto, mas basta sua presença em certa quantidade para que os idosos que estão no ponto fiquem tensos e formem grupos para se protegerem.”

No decorrer da leitura de Podres de Mimados, Theodore Dalrymple explica cada um dos conceitos sobre os quais constrói suas ideias, por exemplo, o que é o sentimentalismo.

O que é sentimentalismo, para Dalrymple, em Podres de Mimados?

Em Podres de Mimados, o pensador inglês define o termo da seguinte forma: “O sentimentalismo é uma daquelas muitas qualidades mais fáceis de reconhecer do que de definir. Os dicionários, como não surpreende, apontam todos para as mesmas características definidoras: um excesso de emoção falsa, doentia, e sobrevalorizada em comparação com a razão.”

Dalrymple também repassa algumas mudanças no significado da palavra, como sendo capaz de definir um sujeito. Confira!

“Originalmente, a palavra ‘sentimental’ tinha conotações positivas: um homem que fosse chamado de sentimental, de meados do século XVIII até seu fim, hoje seria chamado de compassivo, o contrário de um vulgar brutamontes filisteu.”

A forma “perigosa” que o autor sugere, hoje, tem mais a ver com seu caráter público: “a mudança de conotação começou a ser operada por volta do começo do século seguinte por Robert Southey, poeta romântico e revolucionário que virou um Tory conservador, ao escrever em tom de zombaria a respeito de Rousseau, e completou-se na virada do século XX.”

Aplicando à realidade das redes sociais, por exemplo, Dalrymple parece ter razão: “Não mais basta derramar uma lágrima em particular, longe da vista alheia, […] é necessário fazê-lo, ou seu equivalente moderno, à plena visão do público.”

No ensaio “A Exigência de Emoção Pública”, por exemplo, Theodore Dalrymple conta o caso do desaparecimento, em 2007, de uma garotinha chamada Madeleine McCann, fato ocorrido em Portugal.

O caso chegou à mídia e o rosto de “Maddy” tornou-se fácil de reconhecer. O autor vai descrevendo o caso e analisando-o simultaneamente: “O fato de ela ser uma criança bonita com um sorriso cativante ajudou. Ela era a personificação da inocência da infância.”

Confira mais um trecho!

“É inteiramente provável que a beleza da própria criança, e o fato de que seus próprios pais eram felizes, bonitos e profissionais de sucesso, do tipo cujos filhos geralmente não desaparecem em circunstâncias obscuras, contribuiu para tornar o desaparecimento uma cause célèbre, assumindo em iguais partes traços de um livro de suspense e de uma estreia em Hollywood.”

Em Podre de Mimados, Dalrymple prossegue o relato do fato, contando ao leitor que o casal McCann “apelou para o sentimentalismo do mundo” de maneira que poderia ser considerada “inescrupulosa”.

O casal McCann criou um site, que foi visitado por 80 milhões de pessoas nos primeiros três meses, e nele o público poderia comprar mercadorias, como pulseiras com a mensagem “Procure Madeleine”, além de pôsteres e camisetas.

Dalrymple critica: “De novo, é difícil ver como usar uma pulseira com o nome de Madeleine poder ter alguma utilidade prática para encontrá-la.”

Leia outros trechos interessantes de Podres de Mimados:

“Não há muito sentido em fazer algo em público se, de fato, ninguém repara. Isso significa que exibições emotivas cada vez mais extravagantes se tornam necessárias, se se pretende que elas compitam com outras e sejam notadas. Os tributos florais ficam maiores; a profundidade de um sentimento é medida pelo tamanho do buquê. O que conta é a veemência e o volume expressivo.”

Sentimentalismo conforme Robert C. Solomon

Em Podres de Mimados, Theodore Dalrymple contrapõe suas ideias com as de Robert C. Solomon, que defendia o sentimentalismo e chegou a escrever um livro a respeito: Em Defesa do Sentimentalismo.

De acordo com Dalrymple, para Solomon as “emoções eram necessárias para toda atividade cognitiva e pensamento racional”, fato que o psiquiatra inglês concorda: “Sem uma postura emocional em relação ao mundo, no fim das contas, ninguém faria nada, pensaria nada nem buscaria nada. Um estado de completa neutralidade emocional logo levaria à morte por inanição.”

O que Dalrymple coloca em contraste, no entanto, é que Solomon defende o sentimentalismo refutando objeções, tais como:

  • “Que o sentimentalismo envolve ou provoca uma expressão excessiva da emoção.
  • Que o sentimentalismo manipula nossas emoções.
  • Que as emoções expressas no sentimentalismo são falsas ou fingidas.
  • Que as emoções expressas no sentimentalismo são baratas, fáceis e superficiais.
  • Que o sentimentalismo é autoindulgente, impedindo condutas e respostas apropriadas.
  • Que o sentimentalismo distorce nossas percepções e interfere no pensamento racional e na compreensão adequada do mundo.”

Para Solomon, no raciocínio de Dalrymple, essas objeções são falsas, como se ao negar o sentimentalismo fosse negada a importância das emoções, ou até mesmo a existência delas.

Dalrymple arremata: “A questão não é se deve haver emoções, mas como, quando e em que grau elas devem ser expressadas, e que papel elas devem desempenhar na vida humana.”

Que tal ler todos esses casos e argumentos na íntegra?

Adquira já seu exemplar!

Podres de Mimados
Podres de Mimados, de Theodore Dalrymple.

Quem é Theodore Dalrymple, autor de Podres de Mimados?

Seu nome na verdade é Anthony Daniels, mas no mundo inteiro o pensador é conhecido como Theodore Dalrymple.

O psiquiatra inglês era pouco lido no Brasil até 2011, quando deu uma entrevista para as páginas amarelas da Revista Veja. Logo em seguida, a É Realizações passou a publicar este interessantes críticos de nosso tempo.

Dalrymple nasceu em Londres, em 1949, e trabalhou como médico psiquiatra em quatro continentes.

Livros de Theodore Dalrymple

Caso você ainda não tenha lido nada do autor, conheça um pouco de alguns dos livros essenciais de Theodore Dalrymple!

A Vida na Sarjeta – O círculo vicioso da miséria moral

A Vida na Sarjeta é outro livro de Theodore Dalrymple bastante procurado. Nele, o autor tece reflexões sobre criminalidade, drogas, violência doméstica, relacionamentos, educação e política.

Como em todos os títulos, Dalrymple mescla casos concretos que presenciou com suas argutas reflexões.

O intuito do psiquiatra, nesse livro, é denunciar o discurso que legitima estilos de vida que são totalmente prejudicais à sociedade, mas que são travestidos como benéficos.

A Vida na Sarjeta, de Theodore Dalrymple.

O Prazer de Pensar

Já esse é um dos livros de Theodore Dalrymple mais prazerosos de ler, porque o autor presenteia o leitor com pequenas histórias encantadoras de sua vivência com a literatura e os demais saberes.

Composto por notas sobre literatura, história, política, filosofia, medicina, sociedade e viagens, O Prazer de Pensar é um ótimo livro de entrada para quem não conhece nada a respeito do pensamento do autor inglês. É também um ótimo livro para presentear!

O Prazer de Pensar, de Theodore Dalrymple.

Nossa Cultura… ou o Que Restou Dela – 26 ensaios sobre a degradação dos valores

Mais um livro de ensaios, em Nossa Cultura… ou o Que Restou Dela Dalrymple propõe reflexões sobre a importância do que dizem os formadores de opinião, e, principalmente, na influência da cultura pop no estilo de vida dos jovens.

Nossa Cultura… ou o Que Restou Dela, de Theodore Dalrymple.

A Faca Entrou – Assassinos reais e a nossa cultura

Sempre com foco na cultura de nossos tempos, seja na própria Inglaterra ou ao redor do mundo, em A Faca Entrou Dalrymple discorre com ainda mais maturidade temas sobre os quais escreveu grande parte de sua carreira como crítico “in loco”.

Ou seja, que transpunha para o papel o que vivenciava com criminosos, viciados em drogas e pessoas assistidas pelo Estado de bem-estar social.

Em todos os textos, mas evidentemente nesse, Theodore Dalrymple deixa claro sua posição quanto ao valor da responsabilidade individual de cada um.

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A Faca Entrou, Theodore Dalrymple.

Evasivas Admiráveis – Como a psicologia subverte a moralidade

O que será que entendemos por moralidade?

Em Evasivas Admiráveis, Dalrymple apresenta como a arte, especialmente a literatura, antecipou fenômenos humanos que viriam a ser analisados pela psicanálise, pelo behaviorismo, pela cibernética, pela psicologia evolutiva e pelas ciências neurais.

evasivas admiráveis
Evasivas Admiráveis, de Theodore Dalrymple.

Qualquer Coisa Serve

Na mesma veia crítica de Podres de Mimados, o título é uma antologia de ensaios escritos entre 2005 e 2009 para o New English Review.

Nesse caso, no entanto, o cerne de Qualquer Coisa Serve é o apodrecimento moral da cultura moderna. Esse é outro excelente livro de entrada para a obra do psiquiatra inglês. Seu humor único, forma de crítica mordaz e irônica, torna a leitura um verdadeiro deleite.

Podres de Mimados
Qualquer Coisa Serve, de Theodore Dalrymple.

Em Defesa do Preconceito – A necessidade de ter ideias preconcebidas

Um dos títulos mais instigantes de sua obra, Em Defesa do Preconceito traz uma reflexão à altura, uma vez que Dalrymple defende, e explica, por  que não devemos abandonar o racionalismo e alguns preconceitos.

Diferentemente do que parece, o autor oferece soluções para separar os preconceitos bons dos preconceitos ruins e como discerni-los. Os ensaios são curtos, mas rendem reflexões demoradas e muito interessantes.

Podres de Mimados
Em Defesa do Preconceito, de Theodore Dalrymple.

Agora que você conhece mais de Podres de Mimados, que tal conhecer outros livros de Theodore Dalrymple em nosso catálogo?

Há muito mais títulos para você ampliar seu repertório e tecer suas próprias opiniões acerca do mundo. E não só de Dalrymple como de outros autores indispensáveis para compreender a atualidade. Visite nossa loja on-line!

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