O mais importante pensador conservador contemporâneo, um dos maiores filósofos ingleses em atividade, cavaleiro da Ordem do Império Britânico, autor de mais de 50 livros, compositor de óperas, crítico cultural: Sir Roger Scruton é tudo isso e ainda mais!
Neste post você conferirá a biografia, as ideias, os posicionamentos políticos, algumas das frases e os principais livros desse erudito que é incontornável às discussões de nosso tempo.
Ao conhecer a vida e as opiniões de Roger Scruton o que é conservadorismo ficará claro como nunca antes. Tanto a história como os textos desse gigante ilustram exemplarmente a essência dessa tradição intelectual.
Mas aí está apenas uma das muitas facetas dessa figura complexa. Ao falar de Roger Scruton beleza tem de ser o assunto principal: a natureza, a importância e a realidade desse conceito formam o cerne de suas preocupações teóricas.
Quer encarar esse encantador percurso intelectual? Então continue a leitura deste texto e, ao fim, conheça você mesmo os mais importantes livros de Roger Scruton.
Não deixe de conferir!
Quem é Roger Scruton e o que ele defende?
Sir Roger Scruton é um dos mais importantes filósofos britânicos da atualidade, além de crítico cultural e polemista que é reconhecido ao redor do mundo como a mais expressiva voz contemporânea do conservadorismo.
Ele é cavaleiro-comendador da Ordem do Império Britânico, tendo sido condecorado em 2016 pela Rainha Elizabeth II. Além disso, integra a Royal Society of Literature, a British Academy e a European Academy of Arts and Sciences.
Atualmente é professor da Universidade de Buckingham e pesquisador do Ethics and Public Policy Center (Washington, D.C.). Antes disso lecionou por mais de vinte anos na Universidade de Londres; deu aulas também em Princeton, Oxford, Boston e St. Andrews, além de ter sido professor-visitante em Stanford e em Louvain.
Roger Scruton presidiu entre novembro de 2018 e abril de 2019 a Government Commission on Building Better, Building Beautiful, comitê apontado pelo governo do Reino Unido para a revitalização arquitetônica de suas cidades. A estética – especialmente arquitetura e música – é a especialidade acadêmica de Roger Scruton.
O filósofo é também compositor de duas óperas e autor de alguns contos e poemas esparsos. Sua obra publicada abrange mais de 50 livros, a maioria sendo de ensaios filosóficos ou políticos, mas incluindo também cerca de 10 títulos de ficção.
Um de seus escritos, Beleza, originou o documentário Por Que a Beleza Importa?, apresentado por ele mesmo, em 2009, na BBC Two:
Na imprensa, Roger Scruton tem atuado como comentarista na BBC Radio 4 e como articulista em The American Spectator, The Times, The Spectator, The Wall Street Journal, National Review, Harpers e The New Statesman – analisando em especial assuntos políticos, mas também temas de música, arquitetura e vinho.
Scruton edita The New Atlantis e compõe o comitê editorial de quatro periódicos: The Salisbury Review (que ele mesmo fundou), The British Journal of Aesthetics, Arka e openDemocracy.
Entre outros reconhecimentos que o filósofo recebeu estão a Medalha de Mérito (primeira classe) da República Tcheca e a Medalha de Ouro (pelo apoio à cultura e às artes) do Ministério Polonês de Cultura.
Para conhecer um pensador da grandeza de Roger Scruton Wikipedia não basta! Continue a leitura deste post para conhecer a história de vida, as posições filosóficas, as ideias para a política e o assunto de cada um dos mais importantes livros de Roger Scruton.
Biografia de Roger Scruton
No dia 27 de fevereiro de 1944, em Buslingthorpe, Lincolnshire (Inglaterra), nascia Roger Vernon Scruton, filho de John “Jack” Scruton e Beryl Claris Scruton.
Seu pai, um professor originário de Manchester, era filho de Matthew Lowe, chamado por sua mãe, Margaret (bisavó de Roger e avó de Jack), como Matthew Scruton. É provável que Margaret tenha dado ao filho esse sobrenome em homenagem à Scruton Hall, da vila Scruton, condado de North Yorkshire, em que ela possivelmente trabalhou como empregada.
John, que compôs portanto a segunda geração da família assim nomeada, cresceu numa casa geminada de baixo padrão, e para sempre cultivou um amor ao campo e uma aversão às classes sociais superiores.
Sua mulher, nascida Beryl Claris Haynes, apreciava a literatura romântica, cujo ideal de vida era precisamente o que Jack desprezava. Por esta e por outras razões, Beryl e seus filhos sempre tiveram com John uma relação conturbada.
Embora criados como cristãos, os pais de Scruton declaravam-se humanistas seculares. O casal teve, além de Roger, duas filhas. A família viveu na cidade de Marlow, distrito de Wycombe, e depois na Hammersley Lane, cidade de High Wycombe – ambos os endereços no condado de Buckinghamshire. Sempre os acompanhava um cãozinho de estimação: Sam.
Roger Scruton frequentou a Royal Grammar School, em High Wycombe, de 1954 a 1962. No colégio, suas notas A iam para matemática (pura e aplicada), física e química. Nas artes, teve a má experiência de, ao montar uma peça que escrevera, causar um pequeno incêndio no palco, o que o levou a ser expulso da escola.
As boas notas lhe garantiram contudo o ingresso no Jesus College da Universidade de Cambridge, para cursar ciências naturais. Já no primeiro dia, Roger Scruton migrou para a graduação em ciências morais, como então se chamava o curso de filosofia. Nessa mesma época, John “Jack” Scruton parou de falar com seu filho.
Entre 1962 e 1965, Roger cumpriu os estudos de graduação; em 1967 obteve o título de mestre; e de 1967 a 1973 cursou, orientado por Michael Tanner e G. E. M. Anscombe, o doutorado. Em 1974 a tese doutoral foi publicada como seu primeiro livro: Arte e Imaginação – saiba mais na seção “Livros de Roger Scruton”!
Após se graduar em 1965, Roger Scruton passou uma temporada no exterior. Chegou a dar aulas na Universidade de Pau, na França, onde conheceu sua primeira mulher, Danielle Laffitte.
Foi numa visita à casa dela, no Bairro Latino entre o quinto e o sexto distritos de Paris, próximo à Sorbonne, que Roger Scruton testemunhou os protestos estudantis de maio de 1968 – e, observando o evento, descobriu-se um conservador.
Durante o doutorado, especificamente entre 1969 e 1971, ainda vinculado ao Jesus College, Roger Scruton atuou como pesquisador na Peterhouse, também pertencente à Universidade de Cambridge.
A união com Danielle foi oficializada em 1972, e durou até 1979. Enquanto casados, ela trabalhou como professora de francês na Putney High School. O casal morava na Rua Harley, num apartamento anteriormente ocupado por uma celebridade da TV, a cozinheira Delia Smith.
Já a partir de 1971, e até 1992, Roger Scruton lecionou no Birkbeck College, da Universidade de Londres – primeiro como professor assistente (lecturer), até 1980 como professor pleno (reader), a partir de então como professor titular (professor) da área de estética.
Birkbeck é um tradicional reduto de professores de esquerda: Scruton brinca que os únicos conservadores presentes eram ele e a senhora que servia as refeições na cantina.
Desafiando o statu quo, entre 1974 e 1975 o filósofo fundou, com os políticos Hugh Fraser e Jonathan Aitken e com o acadêmico John Casey, o Conservative Philosophy Group – que seria frequentado pelo historiador Hugh Thomas, pelo filósofo Anthony Quinton e pela futura primeira-ministra Margaret Thatcher.
Como em Birkbeck as aulas são dadas apenas à noite, Scruton aproveitou os dias para estudar direito, entre 1974 e 1976, na Inns of Court School of Law. Ele chegou a se tornar advogado (ou seja, recebeu o “call to the Bar”) em 1978, mas nunca pôde exercer o ofício, porque para isso precisaria dedicar um ano inteiro à “pupilia” (pupillage).
De 1979 a 1989, Roger Scruton ajudou a estabelecer centros acadêmicos clandestinos na Europa Central e do Leste, oferecendo a dissidentes contato com acadêmicos ocidentais.
Ele foi cofundador e sócio da Jan Hus Educational Foundation, que, ligada a professores da Universidade de Oxford, contou com a colaboração de acadêmicos tão diversos como Jacques Derrida, Charles Taylor, Jürgen Habermas, Ernest Gellner, Thomas Nagel e Anthony Kenny.
A associação atuava sob a Cortina de Ferro organizando palestras, contrabandeando livros e às vezes viabilizando que estudantes fizessem intercâmbio em Cambridge (na Faculdade de Teologia, que se dispôs a aceitar os estrangeiros). Ainda hoje ela está ativa, desempenhando outras atividades na República Tcheca e na Eslováquia.
Detido em Brno em 1985 e depois expulso da Tchecoslováquia, Roger Scruton entrou para a “Lista de Pessoas Indesejadas” do país. Essas situações são revisitadas de maneira ficcional no romance As Memórias de Underground – não deixe de conferir na seção “Livros de Roger Scruton”!
Também para a Polônia e a Hungria, Scruton cofundou e administrou o Jagiellonian Trust, sendo perseguido durante visitas a esses dois países. Para trabalhar em prol da reconciliação do povo libanês, o filósofo fundou a Anglo-Lebanese Cultural Association, ativa até 1995 e depois inviabilizada pelas ocupações síria e do Hezbollah.
Os anos 1980 foram os mais intensos da carreira de Roger Scruton como escritor. De sua autoria foram publicados treze livros de ensaio e a primeira ficção. O destaque cabe, sem dúvida, ao volume Pensadores da Nova Esquerda, cujos capítulos haviam sido publicados como artigos em The Salisbury Review. Conheça a obra na seção “Livros de Roger Scruton”!
Uma degustação desse volume pode ser obtida aqui. Para ler as primeiras páginas gratuitamente, é só clicar no último link!
A revista The Salisbury Review foi fundada por Scruton em 1982 e editada por ele desde essa data até o ano 2001. Trata-se de um periódico alinhado ao conservadorismo tradicional, e surgido – embora Scruton apoiasse Margaret Thatcher – como um veículo crítico a alguns aspectos do “thatcherismo”.
Muitos textos das primeiras edições eram do próprio Roger Scruton, assinados com pseudônimos. Hoje tem entre os principais colaboradores Theodore Dalrymple. Durante as décadas recebeu artigos de Václav Havel (último presidente da Tchecoslováquia), Alexander Soljenítsin (um dos heróis literários de Jordan Peterson) e a própria Thatcher.
A publicação criticava o igualitarismo, o feminismo, a ajuda externa, o multiculturalismo, o modernismo e a campanha pelo desarmamento nuclear. Segundo o próprio Roger Scruton, essa atividade arruinou a sua carreira acadêmica na Grã-Bretanha.
Como se não bastassem três processos e dois interrogatórios, a revista lhe custou o boicote, pelo Departamento de Filosofia da Universidade de Glasgow, de uma palestra que daria em 1984 a convite da Sociedade Filosófica da mesma instituição.
Não que Roger Scruton não enfrentasse represálias mesmo antes de fundar o periódico. Já por volta de 1980 o filósofo marxista G. A. Cohen, que no entanto viria a se tornar um amigo de Scruton, se recusou a ministrar um seminário a seu lado na University College London.
De fato, 1980 foi o ano da publicação de O que É Conservadorismo, certamente a sua obra que até hoje gerou maior repercussão. Saiba mais sobre o título na seção “Livros de Roger Scruton”!
E confira abaixo a palestra de lançamento, por Bruno Garschagen, na É Realizações Espaço Cultural:
Em 1987 Roger Scruton fundou e passou a dirigir sua própria editora: The Claridge Press, vendida em 2002 para o Grupo Editorial Continuum.
Entre 1989 e 2004 dirigiu a Central European Consulting Ltd., pequena empresa cofundada por ele para prestar consultoria de relações governamentais à Polônia, à República Tcheca, à Eslováquia, à Hungria, à Romênia e à Ucrânia, então recém-saídas do regime soviético. Desde 1990 até hoje, Roger Scruton compõe a mesa diretora do Civic Institute of Praga.
Para estabelecer essas atividades na Europa Central e do Leste, em 1990 Scruton obteve um ano sabático da Universidade de Londres. Na época, vendeu seu apartamento na Notting Hill Gate e, ao voltar para a Inglaterra, alugou da banda de rock The Moonies um chalé em Stanton Fitzwarren, Swindon.
Alugou também um apartamento em The Albany, prédio em Piccadilly (Londres) cujos apartamentos serviram de aposentos para os empregados de Alan Clark, político conservador que foi Ministro do Comércio de Thatcher e de John Major.
De 1992 a 1995 Roger Scruton trabalhou na Universidade de Boston, como professor da graduação em filosofia e da pós-graduação em filosofia da música. Mesmo nesse período manteve o hobby inglês de caçar raposas, para isso visitando todo fim de semana a sua terra natal.
Numa reunião da Beaufort Hunt conheceu Sophie Jeffreys, historiadora da arquitetura, que se tornaria a sua segunda mulher.
Scruton comprou em 1993 a Fazenda Sunday Hill (de 250 anos de idade e 40 hectares de área), em Brinkworth, Wiltshire, onde passou a morar quando voltou dos EUA. Em 1996 casou-se com Sophie Jeffreys; o casal teve o primeiro filho em 1998, e o segundo, uma menina, em 2000.
Roger e Sophie fundaram em 1999 a Horsell’s Farm Enterprises Ltd., que tem entre seus clientes grandes empresas como a Somerfield Stores e a Japan Tobacco International.
De 2001 a 2009 Roger Scruton manteve uma coluna fixa sobre vinho na New Statesman, e colaborou ocasionalmente com a revista The World of Fine Wine.
Em 2004 a família Scruton se mudou para a Virginia, nos Estados Unidos da América, onde comprou a fazenda Montpelier, próxima a Sperryville. Ali o casal fundou a empresa Montpelier Strategy LLC.
A Universidade de Durham homenageou Roger Scruton promovendo em 2008 uma conferência para discutir o impacto de sua produção na área de filosofia da arte.
De 2005 a 2009 Scruton foi pesquisador no Institute for the Psychological Sciences, um centro de pós-graduação pertencente à Divine Mercy University, em Arlington, Virginia.
No fim desse período, trabalhou no American Enterprise Institute, um think-tank conservador de Washington, D.C., onde escreveu a obra Filosofia Verde – Como pensar seriamente o planeta: confira na seção “Livros de Roger Scruton”!
Uma resenha desse volume foi publicada por Eduardo Wolf no jornal O Estado de S. Paulo em 2016. Para conferir, basta clicar no próximo link: Filosofia Verde, de Roger Scruton.
Ainda em 2009, Roger Scruton, Sophie Jeffreys e seus filhos retornaram à Inglaterra. No ano seguinte, o filósofo atuou como professor visitante na Universidade de Oxford, ensinando estética para turmas de pós-graduação. Também em 2010 ele proferiu as Gifford Lectures, na Universidade de St. Andrews, e em 2011 as Stanton Lectures, na Universidade de Cambridge.
A primeira dessas conferências originou o ensaio O Rosto de Deus, que também pode ser conferido na seção “Livros de Roger Scruton”!
João Cezar de Castro Rocha proferiu a palestra de lançamento da obra na É Realizações Espaço Cultural. Assista agora:
Para Roger Scruton religião é um tema de primeira importância. Por algum tempo assumindo posições próximas ao agnosticismo, nessa obra ele se aproxima decisivamente do teísmo. Tanto hoje como antes, Scruton tem reconhecido a grandeza da tradição cristã – e se mantido vinculado à Igreja da Inglaterra, sendo portanto um anglicano.
Roger Scruton é doutor honoris causa pela Aldephi University (Nova York), pela Masaryk University (Brno), pelo Hillsdale College (Michigan) e pela European University of Tirana (Albânia).
Livros de Roger Scruton
Para quem gosta de Roger Scruton livros a ler são o que não falta! Confira abaixo as principais publicações do autor editadas em língua portuguesa até o momento:
CORAÇÃO DEVOTADO À MORTE – O SEXO E O SAGRADO EM “TRISTÃO E ISOLDA”, DE WAGNER
Publicado pela É Realizações Editora em 2010
Esta é uma análise minuciosa da ópera que é tida por Roger Scruton como uma das maiores obras de arte de todos os tempos: “Tristão e Isolda”, de Richard Wagner.
Sua abordagem é ao mesmo tempo filosófica e musicológica, contemplando os temas do amor erótico e do sacrifício, que são cruciais para a peça.
O autor avalia também a importância dessa criação para o século XXI.
Para conferir o livro, clique no título a seguir: Coração Devotado à Morte – O sexo e o sagrado em “Tristão e Isolda”, de Wagner
Para assistir à palestra de lançamento, com João Cezar de Castro Rocha, basta clicar neste link!
BELEZA
Publicado pela É Realizações Editora em 2013
A perspectiva em que Roger Scruton considera a beleza é a mais concreta possível. Ele se pergunta: que lugar ela ocupa em nossa vida diária?
Essa questão comporta dois aspectos: que lugar a beleza ocupa por direito (em virtude de como o ser humano é constituído) e que lugar a beleza ocupa de fato (dado o modo como a cultura moderna se organiza).
Tanto na filosofia contemporânea como na opinião pública, frequentemente se diz que não há critérios objetivos para julgarmos a beleza ou a feiura de algo. A história e a psicologia humanas parecem, contudo, invalidar essa afirmação.
O lembrete que Roger Scruton nos faz é que a beleza importa, e que quando a desprezamos acabamos por alimentar vícios que serão destrutivos para os valores que herdamos.
Este é o livro que originou o documentário Why Beauty Matters?, apresentado por Roger Scruton na BBC.
Para ler algumas páginas gratuitamente, é só clicar no último link!
PENSADORES DA NOVA ESQUERDA
Publicado pela É Realizações Editora em 2014
Esta obra consiste na crítica implacável de Roger Scruton a quatorze pensadores da chamada New Left (Nova Esquerda): E. P. Thompson, Ronald Dworkin, Michel Foucault, R. D. Laing, Raymond Williams, Rudolf Bahro, Antonio Gramsci, Louis Althusser, Immanuel Wallerstein, Jürgen Habermas, Perry Anderson, György Lukács, J. K. Galbraith e Jean-Paul Sartre.
A cada intelectual é dedicado um capítulo, e ainda, no começo e no fim do livro, há um artigo sobre o que é esquerda e outro sobre o que é direita, respectivamente.
Para conhecer o título, basta clicar no próximo link: Pensadores da Nova Esquerda, de Roger Scruton!
O QUE É CONSERVADORISMO
Publicado pela É Realizações Editora em 2015
Às vezes considerado o livro mais importante de Roger Scruton, O que É Conservadorismo explora cada uma das noções fundamentais dessa inclinação política: comunidade, tradição, obediência e lealdade.
O que os conservadores valorizam, segundo Scruton, é a livre associação, assegurada por leis e organizada em instituições independentes.
Esta é, com certeza, a mais importante formulação do pensamento conservador feita na filosofia contemporânea.
AS VANTAGENS DO PESSIMISMO – E O PERIGO DA FALSA ESPERANÇA
Publicado pela É Realizações Editora em 2015
Roger Scruton demonstra que o otimismo irrefletido e idealista causou, durante a história da Europa, menos conquistas que desastres.
Em lugar dessa postura, ele defende uma atitude cética, que reconheça a riqueza e a fragilidade do legado civilizacional, e portanto desconfie de todas as propostas de subversão.
A liberdade e a coesão da sociedade civil é que são apresentadas pelo autor como valores a serem estimados. Só assim se garantem aqueles traços da cultura ocidental que justamente permitem as tentativas de sua superação – como também proporcionam a capacidade de sobrevivermos a elas: a possibilidade da auto-ironia e a virtude do perdão.
As Vantagens do Pessimismo está disponível também em e-book. Clique no título do livro para conferir!
O ROSTO DE DEUS
Publicado pela É Realizações Editora em 2015
Neste livro, Roger Scruton associa a cultura impessoal que é mantida pelo atual estágio da modernidade à fuga, pelas classes intelectuais, do mais temível de todos os rostos: o divino.
O autor mostra como a estética, a filosofia e diversos hábitos contemporâneos expressam uma recusa de abrir-se ao outro, numa autorreferência que acaba por tornar a realidade opaca.
Como alternativa, uma revalorização da vida em comunidade nos habilitaria não só a recuperar a dimensão transcendente do mundo, mas também a alcançar uma visão menos simplista da natureza humana.
Resultado das Gifford Lectures que Scruton proferiu na Universidade de St. Andrews em 2010, O Rosto de Deus oferece uma síntese de sua filosofia, abarcando todos os temas que lhe são mais caros: estética, política, religião e meio ambiente.
FILOSOFIA VERDE – COMO PENSAR SERIAMENTE O PLANETA
Publicado pela É Realizações Editora em 2016
O ensaio em que o filósofo expõe com detalhes as suas ideias sobre o meio ambiente é Filosofia Verde – Como pensar seriamente o planeta.
Como um proponente do “amor ao lar” (oikophilia), Roger Scruton não poderia não dispensar atenção ao tema do cuidado ambiental. Para ele, o desprezo pelo ambiente em que vivemos (oikophobia) é um sinal de degradação da cultura.
Ao mesmo tempo, o autor considera reducionistas as soluções preconizadas por ambientalistas de esquerda, que normalmente culpam o capitalismo pela destruição da natureza.
Scruton não só refuta essa acusação, demonstrando que ela é na verdade contraproducente, como ainda faz sugestões positivas, de iniciativas autônomas que podem ser determinantes para o sucesso da causa da sustentabilidade.
Este livro pode ser conferido também em e-book. É só clicar neste link!
UMA FILOSOFIA POLÍTICA – ARGUMENTOS PARA O CONSERVADORISMO
Publicado pela É Realizações Editora em 2017
Tratando de assuntos fervilhantes do debate político (como aborto, eutanásia, vegetarianismo e diversidade de gênero), o autor constrói uma defesa coerente das tradições sociais e do cuidado com a própria cultura.
Sem banalizar a polêmica, Scruton identifica no fundo de algumas posturas em voga uma filosofia naturalista, a que ele contrapõe uma visão mais complexa da condição humana. Com base nisso o autor chega a sugerir qual a origem do totalitarismo político e a indicar maneiras de nos desvencilharmos da deturpação ideológica da linguagem.
Acesse a página do livro agora: Uma Filosofia Política – Argumentos para o conservadorismo!
ARTE E IMAGINAÇÃO – UM ESTUDO EM FILOSOFIA DA MENTE
Publicado pela É Realizações Editora em 2017
O que faz com que sintamos nostalgia ao ver determinado quadro, melancolia ao ouvir determinada música, ternura ao ler determinado poema?
A isso há basicamente duas respostas filosóficas. Uma é a idealista, predominante no século XX, que localiza os motivos na estrutura da subjetividade. Outra é a empirista, que, por não encontrar um elo material entre obra e juízo estético, reduz a apreciação a mera questão de gosto.
Scruton é empirista, mas não se satisfaz com esse modo de basear o julgamento artístico. Para elaborar uma hipótese mais robusta, ele diz, os empiristas precisam responder a dois problemas anteriores.
Um orbita a filosofia da linguagem e a filosofia da lógica: quais são os critérios para a atribuição de significado às sentenças? O outro diz respeito à filosofia da mente: por quais caminhos a mente humana compreende sentenças e objetos?
Para o autor, o característico das obras de arte é que elas precisam ser vistas não como objetos brutos, mas como aquilo que elas são capazes de significar. Desse modo, emitir um juízo estético é antes de tudo um exercício de imaginação.
O livro é o resultado da tese de doutorado de Roger Scruton, defendida na Universidade de Cambridge sob a orientação de G. E. M. Anscombe e Michael Tanner.
Clique no próximo link para conferir: Arte e Imaginação – Um estudo em filosofia da mente, de Roger Scruton.
AS MEMÓRIAS DE UNDERGROUND
Publicado pela É Realizações Editora em 2019
Na Tchecoslováquia soviética, Jan Reichl mantém o costume de viajar de metrô e imaginar as histórias que se escondem sob os rostos silenciosos de seus compatriotas. Ele passou a precisar de uma distração quando seu pai foi condenado a anos de trabalho forçado, em punição por ter lido e divulgado autores como Sartre, Camus, Zweig e Kafka.
Jan escreve contos inspirados em suas imaginações, e eles são reunidos por sua mãe em um livreto: Rumores, atribuído a um Soudruh Androš, que ficaria conhecido como Camarada Underground. A divulgação clandestina da obra custou a prisão da mãe, porém introduziu o rapaz em um circuito underground de dissidentes políticos.
A pessoa que o apresenta ao mundo subterrâneo é Betka, jovem fascinante e enigmática com quem Honza – como ela o chama – inicia um romance. Esta é uma história sobre a beleza, a liberdade e a verdade, de autoria do filósofo Roger Scruton e motivada pela vivência que ele mesmo teve ao colaborar com a resistência à União Soviética.
Para conhecer As Memórias de Underground, é só clicar no último link!
Prefácio de Roger Scruton ao livro EDMUND BURKE – REDESCOBRINDO UM GÊNIO, de Russell Kirk
Publicado pela É Realizações Editora em 2016
Roger Scruton assina o prefácio deste livro de Russell Kirk: Edmund Burke – Redescobrindo um gênio!
A obra é o mais completo comentário ao estadista britânico, chamado o pai do conservadorismo. E é de autoria do fundador do moderno conservadorismo americano.
Não deixe de conhecer!
Filosofia de Roger Scruton – suas principais ideias
Como veremos duas seções abaixo, Roger Scruton faz uma síntese entre iluminismo e tradicionalismo, adotando como principal referência política Edmund Burke, e como principal referência filosófica, seu crítico Immanuel Kant.
O burkianismo de Scruton é de longo alcance: abarca desde a sua visão da história até a sua crítica ao idealismo político.
Assim como Burke, Scruton nega que se possa atribuir ao desenrolar histórico um ponto ideal a ser atingido. No que concerne a moral e a vida do espírito, não há progresso possível; o que há são compromissos a serem praticados e preservados.
Compromissos que só podem ser nutridos no âmbito bastante concreto das relações interpessoais – e que ganham peculiaridades, a cada vínculo, em razão dos interesses e motivações distintos dos indivíduos.
É nada menos que utópico estabelecer objetivos comuns a uma população inteira, uma vez que um grupo só se dirige a fins comuns em situações de crise, para combater um inimigo, por exemplo em uma guerra.
Por esse motivo, toda proposta revolucionária, destacadamente o socialismo, peca por ignorar a dinâmica efetiva das comunidades humanas em favor de uma abstração inatingível.
Roger Scruton defende a noção burkiana de um contrato social do qual participam não só os vivos, mas também os que já morreram e os que ainda nascerão. Isto é: a noção de uma ordem política que preserva o legado civilizacional e que conserva o mundo onde habitarão nossos descendentes.
Como Roger Scruton argumenta em Uma Filosofia Política – Argumentos para o conservadorismo, nós somos seres afetivos, e cujas afeições são locais e limitadas. Daí a naturalidade da lealdade territorial e a importância da nação (entendida como o próprio povo) como único horizonte a tornar possíveis a cidadania e a paz.
Semelhantes vínculos espontâneos implicam, e na verdade dependem de, crenças injustificadas e até mesmo injustificáveis – vale dizer, de “preconceitos”, princípios que são importantes demais para serem a mera derivação de argumentos.
Por exemplo, a lei consentida naquele acordo entre vivos, mortos e não nascidos necessita reinar soberana; no império da lei, a obediência aparece como a mais básica das virtudes políticas.
Em razão disso mesmo, a lei deve ter por objeto a convivência dos indivíduos, garantindo suas liberdades em vez de se tornar instrumento de interesses grupais.
O que não significa que a lei seja, em todos os aspectos, inquestionável. Em vista de sua própria universalidade, aprimoramentos são possíveis: embora critique, por exemplo, o feminismo contemporâneo, Roger Scruton reconhece o valor da sufragista Mary Wollstonecraft e já até elogiou uma feminista recente como Germaine Greer.
No diálogo com a modernidade, Scruton vê os problemas da fragmentação e da descrença como condições positivas para que o conservadorismo ganhe sentido e se demonstre plausível.
Confira essa clássica entrevista (legendada) que Roger Scruton concedeu no começo dos anos 2000 a uma TV holandesa:
Ao mesmo tempo, um papel menos propositivo que os conservadores têm a exercer é o de acusar as traições à causa da preservação da peculiaridade humana.
Por exemplo, quando o tema são os assim chamados “direitos dos animais”, Roger Scruton nos lembra que por definição direitos implicam deveres, sendo esta a razão por que somente nós humanos possuímos tanto os primeiros como os últimos.
A autoridade que nos concede tais direitos e nos vincula a tais deveres está imiscuída nas esferas da vida em comunidade, sendo expressa na lei, mas também na propriedade e na religião.
Tratando-se de expressões orgânicas, surgidas em âmbitos nos quais a existência humana se desdobra espontaneamente, todo abuso dessa dinâmica é uma forma de negar a própria realidade.
Esse é o caso da perversão totalitária, que faz toda a autoridade residir, sem limites, em um poder central. Não é acaso que a linguagem cultivada por esse tipo de regime se caracterize – como exato oposto da linguagem ordinária – por sistematicamente evitar encontros com a realidade concreta.
A capacidade de autorreflexão, que nos habilita à linguagem e nos atribui deveres, é o que há de característico ao humano.
Tal como Kant, Roger Scruton nota que esse mesmo traço faz com que para nós seja inescapável ainda outro dado: a experiência do sagrado, a dependência do transcendente.
É verdade que entre os aspectos da modernidade está a secularização, mas um dos efeitos colaterais disso são, segundo Roger Scruton, as tentativas de recuperação do religioso. Na arte, isso é perceptível por exemplo em Eliot, Rilke e Schoenberg, que no entanto reabilitam o transcendente apenas como uma possibilidade de vivência individual.
O que acontece é que sob os ditames racionalistas o assunto teológico se torna imponderável. Aqui, precisamente, ganha destaque o tipo de equilíbrio de que Roger Scruton está em busca, e volta a se mostrar pertinente o seu alerta de que o injustificável é humanamente necessário.
Segundo o filósofo, decidir-se a servir a Deus é uma decisão que está além da razão, mas que nem por isso é irracional, assim como não é irracional estar apaixonado por uma pessoa.
No decorrer de O Rosto de Deus, Roger Scruton apresenta uma espécie de argumento para a existência de Deus baseado na beleza, noção que nos habilita a perceber o mundo como uma dádiva.
Assista agora ao bate-papo entre Roger Scruton e Jordan Peterson sobre o tema “Percebendo o transcendente”, com legenda em português:
Unindo iluminismo e tradicionalismo, Roger Scruton é moderno sem ser racionalista e anti-racionalista sem ser pós-moderno.
Para quem lê em inglês, dois bons textos sobre o pensamento de Roger Scruton são os artigos que Roger Kimball escreveu para The New York Times e The New Criterion. Basta clicar nos últimos links para acessar os ensaios!
Um livro de Roger Kimball está publicado em português pela É Realizações Editora: Experimentos contra a Realidade – O destino da cultura na pós-modernidade. Clique já no título para conferir!
Roger Scruton e a política
Ao longo de sua atuação como intelectual público, Roger Scruton tem defendido que o Partido Conservador britânico se mantenha fiel à vocação de preservar as tradições e a comunidade, em vez de atenuá-la em benefício da colaboração com o liberalismo econômico.
Roger Scruton não é anti-liberal, mas sustenta uma apropriação genuinamente conservadora da economia de mercado:
“Um mercado pode fazer a alocação racional dos bens e serviços somente onde há confiança entre os integrantes, e a confiança só existe onde as pessoas assumem a responsabilidade por seus atos e se tornam responsáveis por aqueles com quem negociam. Em outras palavras, a ordem econômica depende de uma ordem moral.”
Confira mais citações na seção “Frases de Roger Scruton”!
Em fidelidade ao valor do comprometimento moral, Roger Scruton é um defensor das livres associações e das comunidades locais, sempre as preferindo em lugar do critério burocrático para a divisão de unidades políticas.
Por isso – e não por algum separatismo nacionalista –, ele apoia que a Inglaterra se torne independente do Reino Unido. De acordo com Scruton, essa é a precondição para que haja verdadeira parceria dos ingleses com os demais países da Grã-Bretanha.
Sobre a importância da nação, ele afirma:
“A nacionalidade não é o único tipo de filiação social, nem é um vínculo exclusivo. No entanto, ela é a única forma de filiação que tem até aqui mostrado-se apta a sustentar o processo democrático e o império liberal da lei.”
Os vínculos humanos são, para Roger Scruton, um fundamento mais estável e mais autêntico para as sociedades do que qualquer ideal abstrato concebido por teorias. Como ele expressa:
“Burke enfatizou que as novas formas de política, que pretendem organizar a sociedade em torno da busca racional de liberdade, igualdade, fraternidade ou seus equivalentes modernistas, são na verdade formas de irracionalidade militante.”
Quais autores mais influenciaram Roger Scruton?
A um leitor atento, não faltam oportunidades de verificar o fato de ser Roger Scruton influenciado por – especialmente – Spinoza, Kant, Hegel, Burke, Eliot e Wittgenstein.
Spinoza e Kant são os dois filósofos modernos sobre quem Scruton escreveu livros introdutórios publicados em inglês pela editora da Universidade de Oxford.
Do primeiro ele herda principalmente certa atitude: a de buscar a essência das coisas como algo a que se deve unir – jamais dissociando conhecimento e atividade, questionamento e tradição, racionalidade e afeto.
Já o legado de Kant que Roger Scruton assimila é a problemática mesma do conhecimento (tal como a modernidade a formula): como apreendemos as coisas se não as experimentamos no interior do que elas próprias são?
Assim como Kant na Crítica da Razão Pura, um dos desafios que Scruton se coloca é o de rejeitar o idealismo sem incidir em um empirismo ingênuo. Este é o programa delineado na tese Arte e Imaginação, cujos resultados extrapolam o âmbito da teoria do conhecimento.
Chegam, por exemplo, à esfera da experiência religiosa, para a qual igualmente vale a regra de que toda verdade para nós acessível é por necessidade uma verdade humana, moldada pela estrutura de nossa racionalidade e a cada vez confirmada pelo acordo de nosso testemunho a seu respeito.
Em O Rosto de Deus a fé tem sua legitimidade garantida menos como uma alegação ou expectativa sobre o transcendente do que como uma vivência comunitária da inevitável vacilação entre crença e dúvida.
Um dos efeitos de se entender o conhecimento como, por um lado, indissociável de nossa atitude e, por outro lado, condicionado às peculiaridades do modo humano de compreensão é que a verdade – mesmo inequívoca, necessária e eficaz – supõe um processo no qual ela se torne acessível.
Os hábitos e as vivências das comunidades humanas são a instância máxima em que se efetua o teste do verdadeiro e do bom. Essa consciência de historicidade faz ecoar o modo de fazer filosofia de alguém como Hegel.
A obra O que É Conservadorismo é, como Roger Scruton mesmo descreve, “uma defesa algo hegeliana dos valores tories [como são chamados os conservadores no sistema partidário inglês] em face à sua traição pelos entusiastas do livre mercado”.
Essa afinidade entre conservadorismo e hegelianismo não é nova. Em Michael Oakeshott ela é levada às últimas consequências e em Edmund Burke, segundo alguns intérpretes, ela já se encontra latente.
Russell Kirk está entre os comentadores que enxergam esse vínculo no pensamento burkiano, e é um conservadorismo desse tipo, focado no valor e na fragilidade das civilizações, que Scruton endossa e louva no prefácio à obra Edmund Burke – Redescobrindo um gênio.
Assim como o iluminista irlandês, Roger Scruton procura um equilíbrio entre modernidade e tradição, esclarecimento e obediência, pensamento crítico e lealdade. Não surpreende, então, que outro de seus referenciais seja o modernista e conservador T. S. Eliot – influência que se reflete tanto no estilo como nas ideias de Roger Scruton.
O capítulo final de Uma Filosofia Política – Argumentos para o conservadorismo é dedicado à apreciação desse gigante, cujos principais ensaios de crítica estão publicados em português pela É Realizações Editora: A Ideia de uma Sociedade Cristã – E outros escritos, Notas para a Definição de Cultura e O Uso da Poesia e o Uso da Crítica.
Não por acaso, T. S. Eliot é homenageado também com um livro de Russell Kirk, o autor de Edmund Burke – Redescobrindo um gênio: A Era de T. S. Eliot – A imaginação moral do século XX.
As relações entre Kirk e Eliot são o principal tema do comentário de Alex Catharino, Russell Kirk – O peregrino na terra desolada, que conta com prefácio de Luiz Felipe Pondé.
Por fim, um filósofo contemporâneo cujas intuições servem de modelo a Roger Scruton é Wittgenstein, particularmente em sua última fase. O entendimento da linguagem como um conjunto de jogos e a abordagem pragmática à mente humana e às relações interpessoais são um claro referencial para o argumento de Arte e Imaginação.
A analogia favorita de Scruton para descrever o problema do juízo estético é a ilustração que Wittgenstein concebe para indicar o papel da imaginação na atividade perceptiva – a figura do pato-coelho:
A maioria desses autores, e ainda outros que influenciaram Roger Scruton – como Dostoiévski e Sartre com seus romances –, são homenageados na ficção As Memórias de Underground, sendo aludidos pelo protagonista-narrador no decorrer da história.
Pensamentos de Roger Scruton: frases
Aqui estão algumas frases de Roger Scruton que vão lhe dar muito em que pensar:
“O conservadorismo provém de um sentimento que toda pessoa madura compartilha com facilidade: a consciência de que as coisas admiráveis são facilmente destruídas, mas não são facilmente criadas.”
“Sem uma busca consciente da beleza, arriscamo-nos a cair em um mundo de prazeres que causam dependência e em uma banalização dos atos de dessacralização, um mundo em que já não se percebe bem por que a vida humana vale a pena.”
“Todas as coisas mais importantes da vida são inúteis: amor, amizade, devoção, paz – essas são coisas que apreciamos pelo que são e não pelo uso que podemos fazer delas. Sim, nós precisamos de coisas inúteis uma vez que precisamos aprender a encontrar valores intrínsecos. Assim o mundo tem um significado para nós, e não apenas uma utilidade.”
“A física dá uma explicação completa do mundo dos objetos, porque é isso o que ‘física’ significa. Mas Deus não é uma ‘hipótese’ a ser posta ao lado das constantes fundamentais e das leis da mecânica quântica. Procure-o no mundo dos objetos e você não irá encontrá-lo, assim como não vai encontrar a liberdade humana numa tomografia do cérebro, nem o eu com um microscópio.”
“Se qualquer coisa pode ser considerada arte, então a arte deixa de ter relevância.”
“O corpo humano é o templo da alma, o lugar onde o outro está tanto presente como oculto, protegido de mim, mas mesmo assim revelado quando as palavras certas são pronunciadas e os gestos corretos são realizados.”
“Sociedades perduram somente quando elas estão devotadas às gerações futuras.”
“Há tanta objetividade nos nossos juízos sobre a beleza como nos nossos juízos sobre a virtude e o vício. A beleza está, pois, tão firmemente enraizada na ordem das coisas quanto a bondade. Ela nos fala, assim como a virtude, da realização humana: não das coisas que queremos, mas das coisas que devemos querer porque a natureza humana as requer.”
“Quando alguém diz que a verdade é relativa, está pedindo que você não acredite nele. Então não acredite.”
“Tanto o socialismo como o liberalismo são, em última análise, igualitaristas. Ambos partem do princípio de que todos os homens são iguais em aspectos relevantes para a política. Para o socialista, os homens são iguais em suas necessidades, e portanto devem ser iguais em tudo que concerne à satisfação de suas necessidades. Para o liberal, eles são iguais em direitos, e portanto devem ser iguais em tudo que afete sua posição política e social.”
“Não basta ser agradável; você tem de ser bom. Somos atraídos por pessoas agradáveis, mas somente porque supomos que a sua agradabilidade é um sinal de bondade.”
“O coração de uma cultura compartilhada é a religião. Tribos sobrevivem e florescem porque possuem deuses, que agregam muitas vontades numa única, e demandam e recompensam os sacrifícios de que a vida social depende.”
“O primeiro efeito do modernismo foi tornar a alta cultura difícil: cercar a beleza com uma muralha de erudição.”
“A resposta conservadora à modernidade é abraçá-la, mas abraçá-la criticamente, com plena consciência de que as conquistas humanas são raras e precárias, de que não temos nenhum direito dado por Deus de destruir a nossa herança, mas devemos sempre submeter-nos pacientemente à voz da ordem, e cultivar um exemplo de vida ordenada.”
“Liberdade não é o mesmo que igualdade, e aqueles que se autointitulam liberals [progressistas] estão muito mais interessados em igualar do que em libertar seus companheiros.”
“Para ensinar a virtude nós devemos educar as emoções, e isso significa aprender ‘o que sentir’ nas várias circunstâncias em que elas vêm à tona.”
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“Tolerância não significa renunciar a todas as opiniões que outros podem considerar ofensivas. Toleramos justamente aquilo que não apreciamos, que desaprovamos. Tolerância significa estar preparado para aceitar opiniões pelas quais nós temos forte aversão. Do mesmo modo, democracia significa aceitar ser governado por pessoas por quem nutrimos repugnância profunda. Isso só será possível se mantivermos a confiança na negociação e no desejo sincero, entre os políticos, de compromisso com os adversários.”
“O conservadorismo é uma filosofia da herança e do serviço; ele não desperdiça seus recursos, mas se esforça para aprimorá-los e passá-los adiante.”
“Uma sociedade livre é uma comunidade de seres livres, unidos pelas leis da compreensão e pelas obrigações do amor familiar. Ela não é uma sociedade de pessoas liberadas de toda restrição moral – pois isso é precisamente o oposto de uma sociedade. Sem restrições morais não pode haver cooperação, nem compromisso familiar, nem expectativas de longo prazo, nem esperanças de ordem econômica, muito menos de ordem social.”
“Todos nós precisamos de uma identidade que nos una a nossos vizinhos, a nossos compatriotas, àquelas pessoas que estão sujeitas às mesmas regras e às mesmas leis que nós, àquelas pessoas com quem nós podemos algum dia ter de lutar lado a lado para proteger a nossa herança, àquelas pessoas com quem nós vamos sofrer quando atacados, àquelas pessoas cujo destino está de algum modo ligado ao nosso próprio destino.”
“Sem o pano de fundo de uma fé a ser relembrada, o modernismo perde a sua convicção: ele se torna rotineiro. Já há muito tempo tem sido aceito que não pode haver criação autêntica na esfera da arte erudita que não seja de alguma maneira um ‘desafio’ ao público ordinário. A arte deve ofender, vindo do futuro inteiramente armada contra o gosto burguês pelo kitsch e pelo clichê. Mas o resultado disso é que a própria ofensa é transformada em clichê.”
“A vida ética […] é preservada por uma cultura comum, que também dá suporte à união da sociedade […]. Diferentemente da moderna cultura da juventude, uma cultura comum santifica o estado adulto, para o qual oferece ritos de passagem.”
“Os conservadores acreditam que os nossos valores e identidades são formados por meio de nossas relações com outras pessoas, e não por meio de nossa relação com o Estado. O Estado não é um fim, mas um meio. A sociedade civil é o fim, e o Estado é o meio para protegê-la. O mundo social emerge através da associação livre, enraizada na amizade e na vida em comunidade. Os costumes e as instituições que nós estimamos cresceram a partir de baixo, pela ‘mão invisível’ da cooperação. Eles raramente foram impostos desde cima por obra da política, cujo papel, para um conservador, é reconciliar nossos objetivos, e não ditá-los ou controlá-los.”
“A cultura de uma civilização consiste na arte e na literatura por meio das quais ela ascende à consciência de si mesma e define a sua visão a respeito do mundo.”
“Um socialismo internacional é o ideal declarado de muitos socialistas; um liberalismo internacional é a tendência não declarada dos liberais. Em nenhum desses sistemas é concebível que os homens vivam não por aspirações universais, mas por vínculos locais; não por uma ‘solidariedade’ que se estica de ponta a ponta do globo, mas por obrigações que são entendidas em termos que separam os homens de muitos de seus pares – em termos como a história nacional, a religião, a linguagem e os costumes que proporcionam a base da legalidade.”
“A lealdade nacional envolve um amor ao lar e uma prontidão a defendê-lo; o nacionalismo é uma ideologia beligerante, que usa símbolos nacionais com o fim de recrutar o povo para a guerra.”
Conclusão
Aqui você conferiu tudo que precisava saber sobre Roger Scruton: a biografia, os livros, as frases, as ideias e os posicionamentos políticos desse que está entre os maiores filósofos da contemporaneidade.
Para mergulhar de vez no que tem a oferecer essa grande mente, não deixe de conhecer seus livros!
As mais importantes obras de Roger Scruton em português – Coração Devotado à Morte, Beleza, Pensadores da Nova Esquerda, O que É Conservadorismo, As Vantagens do Pessimismo, O Rosto de Deus, Filosofia Verde, Uma Filosofia Política, Arte e Imaginação e As Memórias de Underground – estão todas disponíveis no próximo link:
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Fontes
Parabéns pelo artigo! Uma excelente introdução à Vida e Obra de Scruton!
Estou encantada com estas descobertas: Roger Scruton, O conservadorismo e esta editora!
Muito bom a.sugestao de vídeos….felizmente com legendas.
Em 12 de janeiro de 2020, lamentavelmente, o mundo perde esse grande filósofo, escritor e pensador. r.i.p.
Muito bom o seu artigo, vou passar a acompanhar seu blog seu conteúdo vem me ajudando
bastante, muito obrigada.
Muito bom seu artigo e obrigado pelas dicas
Estava pesquisando na internet e vi seu Blog. Achei o conteúdo muito bom! Parabens!! Dr. Sammy
otimo conteudo, estou muito agradecido pelas dicas!! Parabens
Sou a Bruna de Souza, e quero parabenizar você pelo seu artigo escrito, muito bom vou acompanhar o seus artigos.
Aqui é a Thais Silva , e quero parabenizar você pelo seu artigo escrito, muito bom vou acompanhar o seus artigos.
Sou a Camila da Silva, e quero parabenizar você pelo seu artigo escrito, muito bom vou acompanhar o seus artigos.
Adorei seu conteúdo Parabéns, bem completo e dinâmico.
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