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Theodore Dalrymple: perguntas exclusivas sobre o seu primeiro romance

Theodore Dalrymple se aventura na literatura! Tanto por Fazer é seu primeiro romance, lançado no Brasil pela É Realizações. O autor de A Vida na Sarjeta, Podres de Mimados, Em Defesa do Preconceito e tantos outros, nesta ficção apresenta o personagem Graham Underwood, um serial killer preso pela polícia britânica após cometer mais de 15 assassinatos, sem qualquer arrependimento. Arguto em perscrutar a mente de criminosos, Dalrymple conta uma história convincente, sem abrir mão da ironia e do senso de humor sofisticado que lhes são peculiares. Batemos um papo com o psiquiatra inglês, para instigar ainda mais a leitura!

É Realizações – Escrever um romance foi mais fácil ou mais difícil do que você imaginou no começo?
Theodore Dalrymple:
Assim que o personagem do protagonista se desenvolveu em minha mente, foi muito fácil. Eu o imaginei divagando durante uma consulta comigo.

Requer mais responsabilidade criar um personagem assassino do que escrever análises sobre criminosos?
Claro, na ficção você é guiado por uma verdade muito menos literal do que quando se escreve sobre experiências diretas – no caso, de criminosos. Nesse sentido, é mais fácil. Por outro lado, você precisa fazer com que seus personagens sejam credíveis e dotados de verdade poética. E é necessário manter a atenção do leitor durante mais tempo.

No Brasil, você tem leitores fiéis. Quais fatores acredita que os surpreenderão neste romance?
O romance é uma sátira. E espero que o seja de forma um pouco perturbadora. Espero que o leitor, ocasionalmente, afirme acerca do protagonista: “Ele apresentou um bom argumento”, ou “Ele tem razão nisso”, antes de recordar-se de que ele, o protagonista, é um implacável assassino em série. Um crítico, em particular, não percebeu que o livro era uma sátira e tomou-o como um manifesto político. Pouco depois de ser publicado, um célebre assassino em série chamado Ian Brady publicou um livro de memórias, e fiquei um pouco alarmado como o quanto se assemelhava ao que eu havia escrito.

Georges Bataille escreve que só a literatura podia desnudar o jogo da transgressão da lei. As questões que você vem tratando em seus livros até aqui têm mais chance de alcançar mentes e corações justamente por que se trata de literatura?
Na minha visão, as ideias entram na mente das pessoas de modo mais poderoso quando são expressas de forma implícita, ao invés de explicitamente, pelo menos, na mente das pessoas capazes de entender o implícito. É mais poderoso porque as pessoas precisam tirar suas próprias conclusões, em vez de estas lhes serem instiladas, como acontece. A minha impressão, no entanto, é de que o número de pessoas capazes ou dispostas a compreender o implícito está em declínio, mas posso estar enganado – assim espero. A qualquer custo, tento sempre deixar algo implícito naquilo que escrevo.

Theodore Dalrymple
Tanto por fazer, primeiro romance de Theodore Dalrymple.

Tanto por fazer é mais um lançamento da É Realizações. Enquanto você aguarda este magnífico trabalho de Theodore Dalrymple, que tal conhecer outras obras do psiquiatra inglês?

Nossa cultura… Ou o que restou dela

Theodore Dalrymple
Nossa cultura… Ou o que restou dela, de Theodore Dalrymple.

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