Em Uma Nação, Duas Culturas, Gertrude Himmelfarb faz uma investigação rigorosa da sociedade americana no período que se seguiu à revolução cultural no país.
Leitura essencial para quem gosta de compreender as características e os caminhos que levaram aos comportamentos atuais, a obra mantém a verve típica da historiadora americana, considerada a heroína dos conservadores.
Publicado com exclusividade pela É Realizações, o livro integra a Coleção Abertura Cultural e conta com tradução de Rafael de Sales Azevedo.
O posfácio à edição brasileira é assinado por Luiz Bueno, quem, a propósito, escreve o livro-ensaio Gertrude Himmelfarb – Modernidade, Iluminismo e as Virtudes Sociais, leitura ideal para entrar na obra da pensadora.
Para Luiz Bueno, Uma Nação, Duas Culturas revela a preocupação de Himmelfarb quanto à ideia de “nação indivisível”, algo que, nas palavras do posfaciador, “parece já não ser uma realidade tão firme e estável na atual condição da república americana.”
A publicação é composta por seis capítulos:
- Um Prólogo Histórico: “Os Vícios da Leviandade” e as “Doenças da Democracia”
- Sociedade Civil: “As Sementeiras da Virtude”
- A Família: “Um Sistema Social em Miniatura”
- A Lei e a Forma de Governo: “Legislando a Moralidade”
- Religião: “A Primeira das Instituições Políticas”
- As Duas Culturas: “Um Abismo Ético”
Confira trechos da obra!
Uma Nação, Duas Culturas: Doenças da Democracia
“Enquanto os ricos podem sustentar anos de desordem e extravagâncias — na verdade, encaram a liberdade de fazê-lo sem sofrer qualquer censura ou reprimenda como um dos privilégios de sua classe —, o povo sabe que o desregramento de uma única semana pode arruinar um pobre trabalhador para sempre. Este é o motivo, explicou [Adam] Smith, de seitas religiosas geralmente surgirem e florescerem entre as pessoas comuns, já que essas seitas pregam aquele sistema de moral do qual o bem-estar delas depende.”
As Sementeiras da Virtude
“A tentativa mais séria de encontrar um remédio para nossas desordens morais é um chamado para a restauração da sociedade civil — famílias, comunidades, igrejas, organizações cívicas e culturais. Isto foi recebido com uma ovação quase que universal. ‘Sociedade civil’ tornou-se o mantra de nossos tempos. Liberais e conservadores, libertários e comunitários, democratas e republicanos, cientistas políticos e políticos, pensadores religiosos e seculares concordam sobre poucos temas além deste: que a sociedade civil é a chave para a nossa redenção.”
Uma Nação, Duas Culturas: As Sementeiras da Virtude
“Se a sociedade civil em si é problemática, a família, a base da sociedade — a sociedade civil em menor escala, por assim dizer —, não é menos. Isto é ainda mais incômodo porque a família, até mais do que a sociedade civil, é a ‘sementeira da virtude’, o lugar onde recebemos nossas experiências formativas, onde as emoções mais primitivas, mais elementares, entram em cena, e onde aprendemos a expressá-las e controlá-las, onde aprendemos a confiar e nos relacionar com os outros, onde adquirimos os hábitos de sentir, pensar e nos comportar, que chamamos de caráter — onde somos, em suma, civilizados, socializados e moralizados. A família, é dito, é um ‘sistema social em miniatura, com os pais no papel de principais promotores e impositores da ordem social’. Hoje em dia, infelizmente, muitos pais são tão ineficazes na promoção e imposição da ordem social como as outras autoridades, e esse sistema em miniatura é tão fraco e pouco confiável quanto sistema social maior do qual ele faz parte.”
Legislando a Moralidade
“A sociedade civil, Burke nos ensina, é uma rua de duas mãos. Ela nos leva de volta às nossas raízes, àqueles que nos são mais próximos e queridos. Mas ela também nos deve levar adiante, à nossa nação e país. Isso nos leva de volta ao ‘amor pelo próprio país’ que Montesquieu via como a virtude característica da república — virtude que nos eleva, que imbui nossa vida cotidiana, e a própria sociedade civil, de um sentido maior, que dignifica o indivíduo ao mesmo tempo que humaniza a política.”
Uma Nação, Duas Culturas: A Primeiras das Instituições Políticas
“Assim como a sociedade civil a comunidade política e a lei são necessárias, porém não são remédios que bastão para os distúrbios da sociedade. Ao mesmo tempo em que os Pais Fundadores imaginaram em sua ‘nova ciência política’ com base no princípio da divisão de poderes e interesses, eles compreendiam que a ‘ciência’ sozinha não consegue sustentar um governo republicano adequado. Governo republicano significa autogoverno — autodisciplina, autodomínio, autocontrole, autossuficiência —, ‘virtude republicana’, em suma. Na ausência dessa virtude, os melhores arranjos políticos de nada valem. ‘Eu perfilho este grande princípio republicano’, disse James Madison, ‘de que o povo terá virtude e inteligência para conseguir escolher homens que com princípios e bom senso. […] Supor que um governo, seja ele qual for, possa garantir liberdade e felicidade sem que exista virtude no povo é uma ideia que quimérica.”
A Primeira das Instituições Políticas
“A divisão moral que Adam Smith via em sua sociedade e, na realidade, em ‘toda sociedade civilizada’, era uma divisão de classes; ela superava os ricos dos pobres, as ‘pessoas de distinção’ das ‘pessoas comuns’. A divisão com a qual nos deparamos hoje atravessa as fronteiras de classe, bem como o faz com as fronteiras religiosas, raciais, étnicas, políticas e sexuais.”
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Quem foi Gertrude Himmelfarb?
A heroína dos conservadores, Gertrude Himmelfarb, foi uma historiadora, nascida no Brooklyn, Nova Iorque, em 8 de agosto de 1922. Foi também conhecida por Bea Kristol, apelido que se unia ao sobrenome de seu marido, Irving Kristol, com quem se casou em 1942.
Autora profícua, Himmelfarb escreveu sobre a sociedade e a cultura contemporâneas, além de história intelectual, história britânica e Era Vitoriana. De família judaica, formou-se no Brooklyn College, em 1942, e doutorou-se na Universidade de Chicago, em 1950.
Gertrude Himmelfarb também estudou na Jewish Theological Seminary, em Cambridge. Seu marido, Irving Kristol, foi conhecido como o fundador do neoconservadorismo. Juntos, tiveram dois filhos, Elizabeth Nelson e Willian Kristol, e foram muito influentes na sociedade americana de sua época.
Himmelfarb morreu no dia 30 de dezembro de 2019, aos 97 anos, por insuficiência cardíaca.
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