O Livre Arbítrio - Livro 1
Sinopse
A Editora Filocalia oferece ao público leitor uma edição bilíngue (latim/português) desta obra fundamental de um dos maiores gênios do pensamento ocidental. A tradução inédita de Ricardo Taurisano, enriquecida com inúmeras notas e extensos comentários, é acompanhada, neste volume 1, de dois ensaios introdutórios e de um léxico de referência com centenas de verbetes. O restante será lançado na sequência: o volume 2, contendo a tradução da segunda parte da obra; e o volume 3, contendo a tradução da terceira, ambos incluindo as respectivas notas e comentários. Neste livro primeiro de O Livre Arbítrio, Agostinho conduz um diálogo com seu discípulo Evódio, no qual questionam como pode ser Deus a origem de tudo que existe e simultaneamente não ser ele o criador do mal. Contrariamente aos maniqueus, que atribuíam o mal à Divindade, o filósofo o localiza no ato humano de amar sensivelmente bens que se podem perder. A edição inclui trechos das Retratações em que Agostinho revê parte das teses desta obra.
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SOBRE O LIVRO
Primeiro volume de um trabalho grandioso, aqui tem início a publicação de uma nova tradução comentada de O Livre Arbítrio, de Santo Agostinho, assinada pelo medievalista Ricardo Taurisano. A edição inclui o texto latino original; notas; comentários; e, neste primeiro tomo, um léxico com quase mil verbetes, além de prefácios e ensaios introdutórios. O volume inaugural diferencia-se também pelo acréscimo da tradução e do texto latino de trechos, pertinentes a esta obra, das Retratações, em que Agostinho reviu criticamente a sua produção literária: aqui estão o prólogo e o capítulo IX do livro primeiro. De O Livre Arbítrio, dividido originalmente em Livros I, II e III, este volume contempla inteiramente o primeiro, e os dois lançamentos seguintes abarcarão as partes restantes. Trata-se de um escrito fundamental de um dos maiores gênios do pensamento ocidental, e em que são propostas ideias ainda hoje debatidas por filósofos e teólogos. O tradutor-comentador – doutor em filosofia medieval e mestre em letras clássicas pela USP, professor por muitos anos de latim, grego, filosofia patrística e cultura clássica – prezou pela minúcia dos comentários e pela fidelidade da tradução. Nos textos de abertura, ele apresenta os critérios de seu trabalho e discute a complexidade conceitual desta influente obra.
Situado na passagem da Antiguidade tardia à Idade Média cristã, Agostinho foi ele mesmo responsável por algumas das sínteses intelectuais que operaram essa transição. Em cada um dos três livros de O Livre Arbítrio, vemo-lo como que num estágio distinto desse processo, que compreende a filiação ao pensamento clássico, a assimilação da filosofia neoplatônica e a remodelação desse legado sob a formatação cristã. Por todo o percurso, move o teólogo a intenção de se opor ao dualismo gnóstico ou masdeísta em que incidiam os maniqueus. Enquanto estes encontravam no Divino a causa do mal, ele negou ao mal o estatuto mesmo de substância com existência própria. Estruturada como um diálogo mantido entre Agostinho e seu discípulo Evódio, a obra caminha à conclusão de que o mal não é algo que existe, mas algo que faz das coisas menos do que elas devem ser; de que ele é algo que se faz – e não por Deus, mas pelos indivíduos, quando amam de modo desordenado bens que não são mais que transitórios. O mal é, assim, privação de ser; quanto àquele que sofremos em vez de praticar, não se trata verdadeiramente de mal, mas de retribuição a nossos próprios atos. Sobre a ação humana e a vontade que a qualifica é que recai a culpa pelo que julgamos ser mau; isto é, sobre o livre arbítrio, como celebrizou o título desta obra, agora em nova tradução comentada, por Ricardo Taurisano.
Esta tradução se destaca por preservar ao máximo a terminologia, as indicações de étimo, os jogos de palavras, os recursos retóricos, a paragrafação, a sonoridade e o ritmo estabelecidos por Agostinho. Isso é já o que explica a grafia do título, que conserva “livre arbítrio” sem hífen a fim de manter o peso conceitual atribuído separadamente a cada um dos termos. Cotejando, para reproduzir o texto latino, as edições críticas da CCSL (Corpus Christianorum Series Latina) e da Bibliothèque Augustinienne – coleções respectivamente belga e francesa –, Ricardo Taurisano adaptou a pontuação ao padrão das publicações lusófonas, facilitando a incursão do leitor brasileiro no texto. No decorrer do escrito, notas de rodapé fazem esclarecimentos à tradução, eventualmente introduzindo discussões conceituais. Na seção de comentários, a análise teórica atinge incomum profundidade, constituindo como que uma coletânea de ensaios curtos, cada um estimulado por uma passagem específica do escrito. Concluída com um impressionante léxico de termos técnicos, composto por mais de oito centenas de verbetes, esta nova edição de O Livre Arbítrio, fruto de mais de uma década de trabalho e nutrida por um ainda maior tempo de pesquisa e ensino, surge como referência obrigatória para os estudiosos agostinianos e para os interessados nos temas da ação humana e do problema do mal.
CURIOSIDADES
• Agostinho é um dos autores fundamentais da tradição ocidental e O Livre Arbítrio é um de seus textos mais influentes.
• Nossa edição é bilíngue, e traz o texto latino com a pontuação adaptada ao padrão das publicações em países de língua portuguesa.
• O primeiro volume, a que se seguirão imediatamente os outros dois, traz, além do Livro I do LA, trechos pertinentes das Retratações (a saber, o prólogo e o capítulo IX do primeiro livro).
• Esta tradução inédita conta com esclarecedoras notas e extensos comentários, além de, neste volume, prefácios, ensaios introdutórios e um léxico com aproximadamente mil termos técnicos.
• Ricardo Taurisano dedicou mais de uma década de trabalho a esta obra, e muitos outros anos ao estudo e ao ensino de filosofia patrística e medieval, em especial de Agostinho.
• O tradutor-comentador é doutor em filosofia medieval e mestre em letras clássicas pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP).
• A obra é aqui apresentada com um projeto gráfico sofisticado, em capa dura, com ilustração exclusiva do artista gráfico uruguaio Gervasio Troche, e com marcador de página em fita de cetim.
SUA LEITURA SERÁ ESPECIALMENTE PROVEITOSA PARA:
• Estudantes de filosofia ou teologia.
• Professores de teologia patrística, filosofia medieval, soteriologia, antropologia teológica, hamartiologia, metafísica, ética, tradução ou literatura latina.
• Pesquisadores de temas como problema do mal, teodiceias, filosofia cristã, determinismo, filosofia da ação, teoria da tradução.
• Padres, pastores, seminaristas e cristãos leigos interessados em filosofia.