Sinopse
Como um eco distante dos vagabundos de À espera de Godot de Beckett, esta curta e incisiva história oferece uma experiência metafísica, a da gratuidade da existência, oscilando entre o absurdo e a graça. E se não houvesse espetáculo? Se, por uma vez, depois da cortina vermelha subir, o público se confrontasse com um palco vazio, sem cenário ou réplica? Isto é o que Pol Bouchard nos convida a fazer, um palhaço por direito próprio, que aqui se torna um guia do nada, comentador do silêncio, agarrado pelo enredo pelo simples fato de lá estar... Como se o mero ato de presença fosse o suficiente para nos fazer entrar dentro de uma aventura mais viva que os cinco atos do teatro clássico. Mas seu convite logo se transforma em parasitismo. Aquele que cantava sobre o espaço vazio começa a preenchê-lo de mobílias o mais possível. Aquilo que há pouco admirava e queria partilhar, subitamente o atira para a angústia e ele tenta descarregá-lo sobre vocês. Aquele que se esquiva do entretenimento não fica impune por muito tempo. A sua alegria de viver é devorada pela fatalidade de ter de morrer. Este texto denso e incisivo convida-nos a tomar consciência da gratuidade da existência e a apreciar a sua profundidade, entre o absurdo e o gracioso.