Sinopse
Livro mais conhecido de Vilém Flusser no Brasil, Filosofia da Caixa Preta investiga o significado histórico e cultural de compormos uma sociedade que crê mais do que tudo nas imagens. Um conjunto de considerações agudas sobre os atos de fotografar e de disseminar fotografias.
De fato, trata-se de um filósofo versátil e escritor genial, que impressiona pela capacidade de articular diferentes campos do saber e de aplicá-los à análise dos fenômenos contemporâneos. Isto é o que comprovam, também, os posfácios contidos nesta reedição, assinados por importantes intelectuais e apreciadores de Flusser: Maria Lília Leão, Norval Baitello Junior e Rachel Costa.
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Sobre o livro
A marca distintiva do pensamento moderno tem sido a procura por uma racionalidade inabalável, que comporte – para, se possível, superar – a afirmação do ceticismo. Já o traço que distingue a época contemporânea – quer a consideremos parte da modernidade, quer não – é a ênfase na comunicação mais do que nas asserções, nas relações mais do que nas individualidades, nos meios mais do que nos propósitos. Que haja um solo comum, virtual ou efetivo, a essas duas atitudes é algo muitas vezes intuído, mas dificilmente demonstrável. Surgidos em diferentes períodos da produção de Vilém Flusser, os livros que estão sendo lançados em simultâneo permitem ver continuidades e tensões entre o mundo da dúvida e o mundo da tecnologia. Permitem, antes ainda, perceber a coerência entre os escritos de Flusser sobre temas epistemológicos e suas reflexões sobre a ontologia sugerida pela era digital. De um lado, Da Dúvida, livro muito bem recebido pela intelectualidade brasileira quando de sua primeira publicação; de outro lado, Filosofia da Caixa Preta – Ensaios para uma filosofia da fotografia, livro adotado em inúmeros cursos de fotografia país afora e possivelmente, até hoje, a obra de Vilém Flusser mais conhecida no Brasil. Esta reedição inclui ensaios críticos enriquecedores, de intelectuais como o ex-ministro Celso Lafer, o filósofo Julio Cabrera, a pesquisadora de filosofia da mídia Soraya Guimarães Hoepfner, a professora da USP Maria Lília Leão, o professor da PUC-SP Norval Baitello Junior e a professora da UEMG Rachel Costa.
Filosofia da Caixa Preta – um dos primeiros livros de filosofia da fotografia no mundo, que resume conferências ministradas pelo autor na Alemanha e na França – mostra que também o fotógrafo, em seu ofício, duvida: sua procura por cenas fotografáveis é hesitante, até que, como um caçador, ele dispara o flash, apertando um gatilho. Não é casualmente que seu objeto é chamado cena, e que a adjetivação deste especifica-se como fotografável. O mundo da fotografia é um mundo de conceitos, razão por que o livro se inicia com um extenso glossário. A tese de Flusser é que, enquanto a escrita linear surgiu (em cerca de 2000 a.C.) para significar imagens, que imaginavam o mundo, as imagens técnicas – isto é, produzidas por máquinas – imaginam textos que sugerem imagens que imaginam o mundo. Dão a ver conceitos, em lugar do próprio mundo, e eles se tornam nada menos que os meios pelos quais transitamos (eles são media, quer dizer: mídia). A câmera capta cenas, jamais processos, e impõe a quem a manuseia a seleção do que é passível de ser fotografado. A foto, disseminada entre as massas, não tem valor em si mesma, e sim na informação que é transmitida por ela. Nosso contato com o real – e até mesmo com os textos – é mediado por imagens, que assim o “enfeitiçam”. Ao contrário da linearidade que permitiu a fundação da história, as imagens agora exigem uma observação circular, um passar de olhos cíclico, o eterno retorno típico dos mitos. A própria máquina fotográfica surge como um objeto misterioso, do qual conhecemos os outputs e inputs sem nunca visualizarmos o que se passa no interior. Como protótipo dos demais aparelhos e programas, essa caixa pretaé símbolo da sociedade informática, do imperialismo pós-industrial, da nascente pós-história. A uma filosofia da fotografia caberá o estimulante desafio de adentrá-la.
Curiosidades
• Filosofia da Caixa Preta permanece sendo utilizado em cursos de fotografia ao redor do país, consistindo para muitos na porta de entrada no pensamento flusseriano.
• Os autores dos ensaios críticos que acompanham esta reedição são intelectuais destacados, que aqui reconhecem o valor da obra de Flusser: a professora da USP Maria Lília Leão, o professor da PUC-SP Norval Baitello Junior e a professora da UEMG Rachel Costa.
• A coleção é coordenada por Rodrigo Maltez Novaes, pesquisador de doutorado filiado ao Arquivo Vilém Flusser da Alemanha, e Rodrigo Petronio, colaborador de Dora Ferreira da Silva, poetisa com quem Flusser também se correspondeu intensamente.
• Nossa edição faz jus ao pioneirismo das ideias de Flusser ao apresentá-las com um projeto gráfico moderno, sofisticado e arejado.
SUA LEITURA SERÁ ESPECIALMENTE PROVEITOSA PARA:
• Leitores de Vilém Flusser.
• Fotógrafos profissionais e amadores.
• Estudantes de filosofia, fotografia, artes visuais, comunicação social ou ciências sociais.
• Professores de filosofia da arte, teoria da arte, estética, filosofia da comunicação, teoria da comunicação, filosofia da ciência, filosofia contemporânea, filosofia moderna, sociologia da arte ou antropologia da arte.
• Pesquisadores de temas como filosofia da cultura, filosofia da mídia, filosofia da tecnologia, epistemologia das ciências humanas, pensadores heideggerianos, pensamento europeu do pós-Guerra, filósofos estrangeiros radicados no Brasil, filosofia brasileira do século XX.
• Apreciadores do ensaísmo filosófico de língua portuguesa.